"Doping": justiça grega investiga Kenteris e Thanou
“O procurador-geral Dimitris Papangelopoulos ordenou oficialmente que dois procuradores investiguem o incidente envolvendo os velocistas Costas Kenteris e Ekaterini Thanou e lhe apresentem os relatórios pessoalmente”, afirmou uma fonte judicial à Reuters, adiantando que o inquérito não incidirá unicamente sobre o acidente sofrido pelos “sprinters”: “Esta investigação inclui atletas, federações e outros oficiais que tenham violado as leias antidopagem ou tenham ajudado atletas a fugirem controlos”.
Já no fim-de-semana uma fonte policial tinha revelado à AFP que o acidente sofrido por Kenteris e Thanou estava a ser investigado. Christos Tzekos, polémico treinador dos dois gregos, afirmou publicamente que os atletas encontravam-se na sua casa quando, na quinta-feira, um oficial da comissão antidopagem do COI se deslocou à Aldeia Olímpica para os testar, e que se despistaram já de noite quando regressavam de moto para junto da comitiva helénica. No entanto, a polícia não foi chamada ao local, nenhum outro veículo esteve envolvido e nem sequer há registos de testemunhas. Contornos que causaram estranheza aos autoridades e que levaram à abertura do inquérito.
Entretanto, o COI foi ontem obrigado a adiar pela segunda vez, também por motivos médicos, as audiências a Kenteris e Thanou. “Os representantes legais dos atletas asseguraram que estes não tinham condições médicas para comparecer, assegurando que estarão presentes nas audiências de quarta-feira, 18 de Agosto”, informou o organismo em comunicado. “Ganhámos a primeira batalha. Na quarta-feira, mesmo em canadianas, Kenteris e Thanou estarão frente ao painel. Eles irão lutar para provar que estão limpos”, garantiu Michalis Dimitrakopoulos, advogado dos velocistas que nos últimos anos foram protagonistas de problemas semelhantes: informam as autoridades antidopagem que vão treinar para determinado local, como determinam os regulamentos, mas encontram-se ausentes quando são visados por testes extra-competição.
Kenteris e Thanou, que foram suspensos provisoriamente da equipa olímpica grega até haver uma decisão do COI, terão hoje alta do hospital, segundo um boletim clínico ontem divulgado. De qualquer forma, já não serão sujeitos a outro controlo, porque houve tempo suficiente para que quaisquer vestígios de substâncias dopantes tenham já sido eliminados, segundo adiantou François Carrard, porta-voz da comissão disciplinar do COI. Por isso, os gregos deverão ser processados por “desrespeito, por parte dos praticantes desportivos, da obrigação de fornecerem informações sobre a sua localização” e sujeitam-se a um período de suspensão “no mínimo de três meses e no máximo de dois anos”.