EUA vão retirar dezenas de milhares de soldados da Europa e da Ásia

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Os números exactos da desmobilização só serão conhecidos hoje, quando George W. Bush discursar perante uma convenção de veteranos em Cincinnati Eric Draper/AFP

A notícia foi divulgada durante o fim-de-semana na imprensa americana, citando sob anonimato fontes da Casa Branca. Essas fontes garantem que as transferências de tropas não irão afectar os contingentes no Iraque e no Afeganistão.

No entanto, desde o início da guerra no Iraque que os peritos militares americanos se preocupam com a possibilidade de as forças americanas estarem demasiado "esticadas". Os EUA mantêm 130 mil soldados no Iraque; torna-se cada vez mais complicado substitui-los, e isso tem resultado em medidas impopulares, como o cancelamento de licenças ou o prolongamento de comissões.

Os números exactos da desmobilização só serão conhecidos hoje, quando George W. Bush discursar perante uma convenção de veteranos em Cincinnati. A imprensa americana falava em trazer de volta para os EUA entre 70 mil e 100 mil soldados, a maior parte dos quais actualmente estacionados na Europa.

Além destes militares regressariam outras 100 mil pessoas (entre familiares e pessoal auxiliar). Nem todos irão contudo voltar a casa - muitos deles serão apenas transferidos para outros postos no estrangeiro.

Segundo o "Washington Post", dois terços dos cortes serão feitos em bases na Europa. Os EUA têm 70 mil soldados colocados na Alemanha, 12 mil no Reino Unido, 12 mil em Itália; a missão original destas tropas estava ligada à "guerra fria" e desde o fim da União Soviética que se fala na América e na Europa em reduzir estes contingentes.

O fim da guerra fria

Alguns destes soldados poderão ser mobilizados para os novos membros da Aliança Atlântica na Europa Central. Este ano já havia sido anunciada a relocalização de bases americanas na Alemanha para a Polónia. Os EUA só deverão manter uma grande base aérea na Alemanha.

Para além da Europa, também deverão ser reduzidos os contingentes americanos na Coreia do Sul e no Japão - os EUA mantêm perto de 40 mil militares em cada um destes países. Na península coreana, os EUA deverão também transferir tropas colocadas junto à zona desmilitarizada na fronteira entre o Norte e o Sul, colocando-as em bases mais no interior da Coreia do Sul.

Desde que Bush se tornou Presidente que o secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, tem falado repetidamente na necessidade de reformular a distribuição das forças americanas pelo globo. Rumsfeld defende que manter grandes números de forças convencionais na Europa ou no Extremo Oriente era uma estratégia da "guerra fria", que deixou de fazer sentido.

Os elementos da Casa Branca citados pela imprensa este fim-de-semana disseram que, no seu discurso de hoje, Bush irá referir-se a essa transformação: "Estamos a refazer as nossas Forças Armadas de forma a confrontar as ameaças do século XXI, de uma forma que seja correcta para os militares e gentil para as suas famílias."

Não está para já claro se alguns dos soldados transferidos de posto irão ser colocados no Iraque. As declarações da Casa Branca frisam que o plano pretende apenas melhorar a eficiência e flexibilidade das forças americanas.

A decisão tem um lado eleitoral. A menos de três meses das eleições presidenciais, é uma medida popular anunciar o regresso a casa de milhares de soldados.

O candidato democrata, John Kerry, fez na semana passada uma importante promessa de campanha - que nos seus primeiros seis meses na Casa Branca iria começar a retirar soldados do Iraque. O regresso de tropas da Europa e da Ásia é uma resposta de Bush.

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