Santana Lopes recebe Almeida Santos às 11h45 na residência oficial de São Bento, tendo o primeiro-ministro agendado um almoço de trabalho com o Presidente da República para as 13h00, no Palácio de Belém.

A edição desta semana do "Independente" revela excertos de conversas entre o jornalista do "Correio da Manhã" Octávio Lopes e o ex-director da Polícia Judiciária Adelino Salvado e gravações de conversas entre o mesmo jornalista e a porta-voz da Procuradoria-Geral da República, Sara Pina, onde é referido o nome do antigo secretário-geral do PS, Ferro Rodrigues.

Pouco depois do anúncio do alegado furto das cassetes, Adelino Salvado apresentou a sua demissão, alegando perseguições e falta de apoio político.

Conhecido o conteúdo de algumas dessas conversas, o PS solicitou na sexta-feira audiências, "com carácter de urgência", ao Presidente da República, Jorge Sampaio, e a Santana Lopes.

Jorge Sampaio acedeu no mesmo dia ao pedido socialista e agendou uma reunião com Almeida Santos também amanhã, às 10h00.

Um dos nomes presentes nos excertos transcritos pelo "Independente" é o de Ferro Rodrigues, que sexta-feira convocou uma conferência de imprensa, onde reagiu com indignação ao avançado pelo semanário. O secretário-geral do PS disse estar "ainda dominado por sentimentos de revolta e indignação, provocados pela leitura das transcrições divulgadas pelo 'Independente'", exigiu o total esclarecimento do caso e a responsabilidade "daqueles que abordaram e assumiram posições sobre um processo em segredo de jusiça".

Ferro Rodrigues deixou ainda a ameaça de agir criminalmente contra Adelino Salvado. A confirmar-se que está a ser alvo de uma campanha difamatória, Ferro Rodrigues exorta Adelino Salvado a "pedir ao seu amigo Octávio Lopes que publique o conteúdo das cassetes originais". Caso contrário, o socialista diz que irá entender o silêncio de Adelino Salvado como a "confirmação da veracidade" das gravações e, aí, "será responsabilizado em todas as sedes competentes".

À edição de ontem do "Expresso", Adelino Salvado garantiu que não violou o segredo de justiça no âmbito do processo Casa Pia porque nunca teve contacto com o processo e diz que a sua saída da PJ se deve ao sentimento de falta de confiança política por parte do Governo. Na esteira do caso das cassetes alegadamente furtadas ao "Correio da Manhã", Adelino Salvado afirma que vai assumir responsabilidades pelo que fez.