"Doping": audiências a Kenteris e Thanou adiadas por razões médicas
“Uma delegação de quatro pessoas, dirigida pelo chefe da missão do Comité Olímpico Helénico, John Papadogiannakis, apresentou um pedido dos atletas para que as audições fossem adiadas e apresentaram certificados médicos explicando que os atletas não poderão comparecer nas próximas 48 horas. De modo a assegurar um processo justo e consideração pelos atletas, a Comissão Disciplinar decidiu adiar as audiências para 16 de Agosto”, explicou o COI em comunicado.
Ontem, um membro da comissão antidopagem deslocou-se à Aldeia Olímpica para realizar testes aos dois gregos, mas, ao contrário do que estipulam os regulamentos, não se encontravam no local onde disseram que iria permanecer. O representante do COI notificou então o chefe da missão grega, John Papadogiannakis, que também não conseguiu localizá-los. “Eles não se encontravam nos seus quartos. Tinham deixado a Aldeia Olímpica para recolherem objectos pessoais nos seus domicílios. Apenas necessitavam de algumas horas a mais para se poderem apresentar”, afirmou mais tarde o Comité Olímpico Helénico em comunicado.
Mas a história não se ficou por aqui. Pouco depois de a comunicação social ter divulgado a ausência de Kenteris e Thanou, o ministério da Informação grego revelou que os dois “sprinters” tinham sofrido um acidente em Glyfada, a 30 quilómetros da Aldeia Olímpica, e que se encontravam hospitalizados. O primeiro boletim médico indicava que Kenteris sofrera “uma lesão na cabeça, uma contusão numa vértebra cervical, contusões nos joelhos e escoriações na perna direita", enquanto Thanou teve de ser tratada a "contusões no abdómen, na coxa direita e nos adutores da perna direita".
O COI abriu de imediato um inquérito e encarregou o próprio director do comité médico, Patrick Schamasch, de averiguar junto do hospital a situação clínica dos atletas e notificá-los para se apresentarem hoje de modo a serem ouvidos pela comissão disciplinar. Ambos faltaram aos encontros, depois de o próprio hospital ter emitido uma nota informando que só terão alta dentro de 48 horas, contrariando as informações prestadas ontem à imprensa pelo técnico dos velocistas, Christos Tsekos: “Eles não têm problemas sérios”, disse, mostrando-se confiante na recuperação dos atletas antes das provas dos 100 e 200m.
Livrar o corpo de dopantesEntretanto, o líder do Comité Olímpico Internacional, Jacques Rogge, admitiu em conferência de imprensa que, quando um controlo é adiado por várias horas, surgem hipóteses para que os atletas limpem o organismo de qualquer produto proibido. “É possível usar cateteres para esvaziar a bexiga e eliminar os vestígios de substância dopantes. Isto já aconteceu. Para além disso, é possível alterar os parâmetros do sangue injectando certos produtos”, afirmou o belga, explicando que “o princípio dos testes durante e extra competição determina que não se deixe que os atletas sozinhos”.
Para além do COI, também a Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF) está atenta ao processo. O secretário-geral deste organismo, Istvan Gyulai, revelou que, há alguns dias, os dois “sprinters” gregos foram alvo de um controlo surpresa em Chicago, mas que entretanto já tinham deixado a cidade um dia antes do esperado. Por isso, são alvo de um inquérito conduzido pela própria IAAF, por suspeita de violação dos regulamentos antidopagem.