"Doping": audiências a Kenteris e Thanou adiadas por razões médicas

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Kenteris já escapou a vários controlo surpresa Thomas Kienzle/AP

“Uma delegação de quatro pessoas, dirigida pelo chefe da missão do Comité Olímpico Helénico, John Papadogiannakis, apresentou um pedido dos atletas para que as audições fossem adiadas e apresentaram certificados médicos explicando que os atletas não poderão comparecer nas próximas 48 horas. De modo a assegurar um processo justo e consideração pelos atletas, a Comissão Disciplinar decidiu adiar as audiências para 16 de Agosto”, explicou o COI em comunicado.

Ontem, um membro da comissão antidopagem deslocou-se à Aldeia Olímpica para realizar testes aos dois gregos, mas, ao contrário do que estipulam os regulamentos, não se encontravam no local onde disseram que iria permanecer. O representante do COI notificou então o chefe da missão grega, John Papadogiannakis, que também não conseguiu localizá-los. “Eles não se encontravam nos seus quartos. Tinham deixado a Aldeia Olímpica para recolherem objectos pessoais nos seus domicílios. Apenas necessitavam de algumas horas a mais para se poderem apresentar”, afirmou mais tarde o Comité Olímpico Helénico em comunicado.

Mas a história não se ficou por aqui. Pouco depois de a comunicação social ter divulgado a ausência de Kenteris e Thanou, o ministério da Informação grego revelou que os dois “sprinters” tinham sofrido um acidente em Glyfada, a 30 quilómetros da Aldeia Olímpica, e que se encontravam hospitalizados. O primeiro boletim médico indicava que Kenteris sofrera “uma lesão na cabeça, uma contusão numa vértebra cervical, contusões nos joelhos e escoriações na perna direita", enquanto Thanou teve de ser tratada a "contusões no abdómen, na coxa direita e nos adutores da perna direita".

O COI abriu de imediato um inquérito e encarregou o próprio director do comité médico, Patrick Schamasch, de averiguar junto do hospital a situação clínica dos atletas e notificá-los para se apresentarem hoje de modo a serem ouvidos pela comissão disciplinar. Ambos faltaram aos encontros, depois de o próprio hospital ter emitido uma nota informando que só terão alta dentro de 48 horas, contrariando as informações prestadas ontem à imprensa pelo técnico dos velocistas, Christos Tsekos: “Eles não têm problemas sérios”, disse, mostrando-se confiante na recuperação dos atletas antes das provas dos 100 e 200m.

Livrar o corpo de dopantes

Entretanto, o líder do Comité Olímpico Internacional, Jacques Rogge, admitiu em conferência de imprensa que, quando um controlo é adiado por várias horas, surgem hipóteses para que os atletas limpem o organismo de qualquer produto proibido. “É possível usar cateteres para esvaziar a bexiga e eliminar os vestígios de substância dopantes. Isto já aconteceu. Para além disso, é possível alterar os parâmetros do sangue injectando certos produtos”, afirmou o belga, explicando que “o princípio dos testes durante e extra competição determina que não se deixe que os atletas sozinhos”.

Para além do COI, também a Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF) está atenta ao processo. O secretário-geral deste organismo, Istvan Gyulai, revelou que, há alguns dias, os dois “sprinters” gregos foram alvo de um controlo surpresa em Chicago, mas que entretanto já tinham deixado a cidade um dia antes do esperado. Por isso, são alvo de um inquérito conduzido pela própria IAAF, por suspeita de violação dos regulamentos antidopagem.

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