Morreu o pintor António Domingues

O pintor António Domingues, pertencente ao movimento surrealista, morreu hoje em Lisboa, aos 84 anos, revelou à Lusa fonte familiar. O funeral sai amanhã, às 15h15, da Basílica da Estrela para o cemitério dos Olivais, em Lisboa.

Filho do artista plástico Mário Domingues, António Domingues integrou várias exposições colectivas do movimento surrealista realizadas em Lisboa.

António Pimentel Domingues foi um dos fundadores do Movimento Surrealista Português, juntamente com Mário Cesariny e Cruzeiro Seixas, entre outros, sendo autor da série de desenhos "Lendas de Timor".

Muitas das obras estão dispersas por colecções no estrangeiro, embora se registe a presença de um quadro inserido na série "Cadavres Exquis" ("Cadáveres Esquisitos") no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.

O Movimento Surrealista, surgido em Lisboa na década de 1940 por influência do movimento francês, estendeu-se por diferentes artes, da pintura à literatura, congregando figuras como António Pedro, Alexandre O'Neill, Marcelino Vespeira, José-Augusto França ou Mário-Henrique Letria.

António Domingues nasceu a 1 de Novembro de 1921 em Lisboa, estudou na António Arroio, onde deu aulas anos mais tarde, e frequentou as tertúlias do café Hermínios, na Almirante Reis, em Lisboa, onde paravam Cesariny, Vespeira, Leonel Rodrigues e Moniz Pereira.

"Neste pequeno café, minha actividade é, por um lado, o desenho, a poesia, a novela e, por outro, (...) a criação de um característico jogo imagético que, mais tarde, haveríamos de classificar de actividade dadaísta", escreveu o próprio numa autobiografia publicada em 1986 no jornal "Diário".

Enquanto estudava à noite, António Domingues foi ferrageiro e maquetista numa litografia, onde se especializou em artes gráficas. Artista de raízes africanas e apoiante do PCP, António Domingues chegou a expor em Angola, Espanha, ex-URSS e na antiga RDA. Foi várias vezes distinguido por ter ilustrado várias obras literárias.

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