Refinaria da Petrogal é uma das piores da Europa em emissão de metais pesados

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A refinaria está na lista negra europeia Nélson Garrido

A refinaria da Petrogal, em Matosinhos, liberta para a atmosfera metais pesados como arsénio, cádmio, níquel e crómio, o que a torna uma das piores da Europa em termos de impacte ambiental. A associação ambientalista Quercus avisa hoje que também a refinaria de Sines, com o dobro da capacidade da de Matosinhos, apresenta um mau desempenho ambiental.

A Quercus alerta que as emissões de poluentes da refinaria da Petrogal aumentam o risco de cancro e de danos em órgãos vitais. "Apesar da refinaria de Matosinhos estar muito longe de ser uma das maiores da Europa, é uma das que emite para a atmosfera mais metais pesados (arsénio, cádmio, níquel e crómio) com fortes implicações na saúde humana, pois podem provocar cancro e afectar vários órgãos vitais", denunciam os ambientalistas em comunicado.

As medições das emissões constam de uma base de dados do Registo Europeu de Emissões Poluentes, este ano disponibilizada com dados de 2001, que recolhe informação de 34 poluentes emitidos em 158 instalações industriais de 23 actividades diferentes.

A Quercus diz que a refinaria de Matosinhos apresenta valores absolutos de vários poluentes "muito elevados" comparativamente a outras refinarias europeias. As medições dos metais pesados libertos no ar pela refinaria, detida maioritariamente pelo Estado português, colocam a Petrogal de Matosinhos no pior lugar de toda a Europa no que respeita ao crómio e seus compostos, que chegam às 1,7 toneladas por ano.

Ainda em termos de metais pesados, a refinaria ocupa o segundo lugar da Europa em emissões de arsénio (612 quilos por ano), o terceiro em cádmio (269 Kg) e o quinto em níquel (mais de 11 toneladas).

"Esta refinaria, que emite para a atmosfera cerca de 14 toneladas de metais pesados por ano, possui também um mau desempenho em termos de partículas inaláveis", acrescenta a Quercus. No "ranking" europeu, Matosinhos obtém o quarto pior lregisto em partículas inaláveis (555 toneladas ao ano) - poluente responsável pelo aumento de doenças respiratórias, como a bronquite asmática, e por danos no património.

Por seu lado, a refinaria de Sines "consegue, mesmo ao nível europeu e no seu sector de actividade, a segunda pior prestação para as emissões de níquel e a terceira pior ao nível das partículas inaláveis", diz a Quercus.

Os ambientalistas reclamam uma vigilância mais apertada da Inspecção-Geral do Ambiente no cumprimento das regras ambientais e a divulgação pública pelo Ministério do Ambiente dos dados de emissão de poluentes.

"As cinco estações de monitorização da qualidade do ar em Matosinhos não fazem a leitura das concentrações dos metais pesados emitidos em maior quantidade pela refinaria da Petrogal. Esta situação não permite conhecer nem acompanhar os efeitos da emissão destes poluentes na degradação da qualidade do ar desta região", conclui a associação.

Limpeza depois do incêndio

As brigadas de combate à poluição na marina de Leixões, em Matosinhos, removeram até ao momento 156 mil litros de hidrocarbonetos daquele local, segundo dados da Marinha. O incêndio na refinaria da Petrogal ocorrido a 31 de Julho originou uma libertação de crude e os trabalhos de limpeza nas rochas tiveram início a 6 de Agosto, recorrendo a máquinas de alta pressão e a agulhetas dos bombeiros.

Em comunicado, a Marinha refere que se mantêm desde então no local os mesmos efectivos - 15 homens apoiados por seis viaturas. Os trabalhos incluem, para além da utilização de agulhetas de alta pressão, barreiras absorventes instaladas na água, de forma a aumentar a eficácia das operações de limpeza.

Em paralelo com as operações de remoção dos hidrocarbonetos, os bombeiros estão a retirar a areia usada no passado sábado para conter as chamas no terminal petrolífero.

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