Victor Fernandez sem medo do desafio ambicioso no FC Porto
"Sei que é francamente difícil [repetir o desempenho da última época], mas não é por isso que vamos renunciar", vincou, garantindo que um clube da grandeza do FC Porto "tem a obrigação de lutar pela vitória em todas as competições".
Para o treinador espanhol, contratado para as próximas duas épocas, "a diferença entre os grandes clubes e os restantes é que estes não têm tecto", pois "podem sempre crescer e melhorar".
Victor Fernandez reconheceu que está a assumir um desafio "realmente importante" na sua carreira - "um grande clube da Europa que acabou de conquistar muitos títulos", disse -, mas não tem receio de o enfrentar: "não me assusta e tenho muita ilusão de que o FC Porto vai continuar a vencer".
Ao contrário do caminho seguido pelo seu antecessor, o italiano Luigi del Neri, que foi dispensado após pouco mais do que um mês ao serviço dos portistas, o técnico espanhol pretende aproveitar o trabalho desenvolvido por José Mourinho (Chelsea, Inglaterra), que resultou em duas épocas plenas de êxitos nacionais e internacionais.
"Seria muito pouco inteligente romper com o passado recente, quando ele foi tão bom""Seria muito pouco inteligente romper com o passado recente, quando ele foi tão bom. Devemos potenciar o que teve de bom e juntar-lhe pormenores da minha forma de ver o futebol", prosseguiu, sem se mostrar preocupado com as "naturais comparações" com José Mourinho.
Victor Fernandez não quis falar quanto a esquemas de jogo preferidos, pois considera que estes dependem dos jogadores à disposição. De qualquer forma, revelou-se adepto do futebol espectáculo, dando privilégio ao "talento e criatividade".
A "agressividade e competitividade que fizeram do FC Porto um clube único em Portugal e na Europa" também são qualidades que o espanhol quer manter na equipa, mesmo após a saída de alguns atletas fundamentais na estrutura: "saíram jogadores importantes, mas também entraram outros. O clube e a estrutura são o mais importante".
Victor Fernandez entra com a época já em curso, mas o seu trabalho pode ficar facilitado pelo facto de conhecer a "grande maioria" dos jogadores. O técnico pretende recolher o máximo de informação possível de forma a reduzir o grupo de trabalho a 23 ou 24 futebolistas, "a melhor solução para todos", afirma.
O plantel "azul e branco" fica com a certeza de que todos os atletas são iguais e que o que vai ditar a titularidade será o seu rendimento.
McCarthy em situação de igualdadeDepois de preterir McCarthy no Celta de Viga, na altura emprestado aos "dragões", Victor Fernandez garante que o avançado sul-africano - "um jogador com talento e muito futebol", frisa - está em situação de igualdade com os seus companheiros.
"A época é muito exigente, há muitos títulos em disputa, pelo que precisamos da força e carácter de todos os jogadores e não só de um ou dois", acrescentou.
O técnico prometeu "trabalho e dedicação" e elogiou a estrutura profissional do FC Porto, tal como a sua disciplina, rigor e cultura desportiva.
Em contra-relógio, Victor Fernandez tem escassos dias para o primeiro "teste de fogo", uma vez que discute a Supertaça com o Benfica já a 20 de Agosto, mas esse desafio não o intimida.
"Sei que tenho poucos jogadores disponíveis para defrontar o Benfica, mas basta que tenhamos 14 para competir. Onze para jogar e três substituições", vincou.
Quanto ao facto de pegar na equipa tão tarde, deixou uma mensagem de tranquilidade para os portistas: "não é uma situação traumática, pois a época ainda não começou. Há tempo para que todos nos conheçamos bem".
O espanhol revelou-se ainda adepto do "diálogo e respeito" na relação com os jogadores, ciente que é indispensável que cada um saiba qual o papel que lhe cabe no grupo e que o desempenhe com total profissionalismo.
Victor Fernandez, que vai contar com José Luís Arjol como preparador físico e Narcís Juliá como adjunto, tal como Aloísio e André, assiste esta noite ao jogo particular entre o FC Porto e o Panathinaikos, no Estádio do Dragão, e começa a trabalhar já amanhã.