Militantes do PS propõem "debate de governação" com o PCP e o BE
"Numa democracia representativa moderna não é possível governar com visão de futuro sem uma maioria sólida", escrevem. Os subscritores da moção, entre os quais estão Porfírio Silva, Ricardo Roque, Paulo Godinho, ou Rogério Gaspar, consideram que o objectivo da maioria absoluta "deve ser publicamente afirmado como meta eleitoral", e que o PS "deve dizer claramente ao país que, se não tiver maioria para governar, fará as alianças necessárias. À esquerda, claro".
Sublinham que entre as políticas defendidas pelo PS, pelo PCP e pelo Bloco de Esquerda existem "divergências importantes que não podem ser ignoradas". Consideram por isso que os socialistas devem "desafiar a esquerda" para um "debate de governação" a partir do qual o PS terá que "avaliar politicamente" a resposta dos outros partidos, "sendo de esperar que o PCP e o BE possam reagir de forma diferenciada".
No âmbito desse debate, "que não será, provavelmente, fácil", o PS deverá propor "políticas concretas para sectores-chave", "apurando da capacidade desses partidos para assumir responsabilidades". Como exemplos de temas centrais os subscritores adiantam a integração europeia, a "competitividade e direitos dos trabalhadores", e a modernização da administração pública, "essencial ao reforço dos poderes públicos no cumprimento cabal das suas responsabilidades".
Apresentando o PS como um partido "moderado" - e "inequivocamente de esquerda" - os subscritores apelam também à consolidação de "consensos firmes e continuados" em torno de "grandes desígnios nacionais", que não devem ser prejudicados pela "alternância democrática". Entre estes incluem as políticas de imigração, a descentralização, a qualificação dos trabalhadores, a prioridade às áreas sociais "essenciais ao desenvolvimento sustentado", o "choque tecnológico", ou a luta pela igualdade entre homens e mulheres.
Partindo da convicção que o próprio PS deve ser "um factor de credibilização do sistema político", os autores da moção propõem que os socialistas assumam um "compromisso claro" com os portugueses quanto ao entendimento do que é "o exercício honrado de cargos públicos". O que terá que ser feito "sem experimentalismos irresponsáveis" e que implicará uma revisão da "forma de actuar a todos os níveis - sem esquecer o poder local".
Para os subscritores do documento, o XVI Congresso Nacional do PS, que vai decorrer nos dias 1, 2 e 3 de Outubro, "não pode limitar-se a aclamar um líder", devendo antes ser um espaço de "enriquecimento da democracia interna e de debate político". "Nesse espaço se posiciona esta moção", acrescentam.