Director nacional da Polícia Judiciária pediu demissão

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Adelino Salvado Daniel Rocha/PÚBLICO

Segundo uma nota enviada esta tarde às redacções, o director nacional demissionário anuncia ter pedido "a cessação da comissão de serviço como director nacional da Polícia Judiciária". Na mesma nota, o juiz desembargador acrescenta que já tinha manifestado disponibilidade para abandonar o cargo num ofício entregue ao ministro da Justiça, Aguiar Branco, no dia 19 do mês passado.

Num comunicado com sete pontos, o director nacional da PJ queixa-se dos "violentos ataques" de que foi alvo e de "uma clara situação de isolamento perante a tutela política".

Adelino Salvado justifica a sua demissão com os "continuados ataques" e "insinuações" que continuaram agora "com o anúncio de distribuição ilegal de suporte de áudio que, caso exista, seguramente foi engendrado por pessoa(s) habilitada(s) a truncar, manipular e subverter som digitalizado".

O responsável referia-se ao caso desencadeado pelo alegado furto de gravações a um jornalista do "Correio da Manhã", contendo declarações de vários intervenientes judiciais no âmbito do processo de pedofilia da Casa Pia de Lisboa. Segundo a imprensa, um dos interlocutores do jornalista é Adelino Salvado - uma situação que poderá configurar violação do segredo de justiça.

O magistrado afirma ainda que enquanto director da PJ perturbou "múltiplas e indistintas pessoas, entidades e interesses", os quais "têm demonstrado inusitada capacidade para manipular e vilipendiar".

Adelino Salvado sustenta que estas manobras assumiram a forma de "insinuações e pérfidos artigos de imprensa, sempre pelos mesmos 'jornalistas', reprodutivos noticiários televisivos, desprezíveis missivas anónimas, múltiplos 'blogs', execução de assalto a escritório particular, vandalismo recaindo sobre bens próprios, e sistemáticas manobras visando gerar inquietação em familiares e amigos".

Pouco depois de conhecida esta nota, o ministro da Justiça veio a público confirmar que o pedido de exoneração foi aceite pelo primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes, e por ele próprio, deixando uma palavra de "reconhecimento pelo trabalho desenvolvido" por Adelino Salvado enquanto esteve à frente da PJ.

Sem revelar quem será o próximo chefe da PJ, o ministro limitou-se a afirmar a "total confiança" do Governo na polícia de investigação criminal e nos seus agentes.

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