UE desmente crimes de genocídio no Darfur
"Não estamos perante uma situação de genocídio", afirmou Pieter Feith, chefe da missão enviada pelo Alto Representante para a Política Externa da UE, Javier Solana.
Contudo, "é para nós claro que ocorreram, silenciosa e lentamente, massacres, e que um grande número de aldeias foram queimadas", explicou o responsável, durante uma conferência de imprensa em Bruxelas.
Entre as medidas propostas pela equipa para ajudar a resolver a crise, Feith adiantou a possibilidade da UE enviar destacamentos de polícia para a região, que seriam integradas dentro da hierarquia das forças sudanesas estacionadas na região. Contudo, tal iniciativa só poderá avançar se os 25 Estados-membros aceitarem este envio.
Segundo o responsável, a UE considera que o momento actual exige que a comunidade internacional coopere com as autoridades sudanesas para resolver a crise naquela região desértica, onde convivem populações árabes e etnias africanas não islamizadas. Contudo, sustentou, a UE promete ficar vigilante, já que se vive uma grave crise humanitária na região e "há dúvidas consideráveis sobre a vontade do Governo de proteger a população civil" das milícias árabes.
Ainda assim, o responsável admitiu que a missão europeia abandonou o Sudão sem ter certezas sobre quem comanda as milícias "djandjawids", apesar de a própria ONU apontar o dedo a Cartum. "Elas parecem agir de forma autónoma e, por vezes, assumindo-se como as próprias forças de segurança do Governo", afirmou.
Feith voltou a pedir a todas as partes que respeitem as decisões da ONU, apelando quer ao Governo quer aos movimento rebeldes africanos que "participem activamente e de forma construtiva" nas negociações de paz, que deverão ser retomadas no próximo dia 23.
A 30 de Julho, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução, dando 30 dias ao Governo sudanês para retomar o controlo da situação na região, ameaçando Cartum com uma sanções internacionais. Em particular as Nações Unidas exigem o desarmamento das milícias árabes "djandjawids", acusadas de ataques indiscriminados contra a população civil, em retaliação pela rebelião desencadeada em Fevereiro de 2003 por dois grupos armados.
A guerra civil na região e os ataques contra a população terão feito mais de 30 mil mortos e mais de 1,2 milhões de refugiados, embora Cartum admita apenas a existência de cinco mil mortos.