David Bernabéu procura selar vitória no contra-relógio

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A última etapa traz a Volta a Sintra Tiago Petinga/Lusa

É certo que a distância que separa Bernabéu do seu compatriota David Arroyo se resume a oito segundos. Mas não é menos verdade que o primeiro deixou o segundo a 1m04s no recente contra-relógio do Grande Prémio de Torres Vedras/Troféu Joaquim Agostinho. Rui Lavarinhas (Milaneza) e Nuno Ribeiro (LA Pecol) - campeão da última edição - somam mais 36 e 49 segundos, pelo que terão de fazer uma corrida de grande nível e esperar ainda por uma tarde infeliz de Bernabéu.

"Estou preparado. O Arroyo encontra-se muito próximo e demonstrou que está num grande momento, mas vamos esperar que nos saia bem. Teremos referências [na contagem do cronómetro] em relação aos principais adversários e isso é uma vantagem", afirmou o camisola amarela da Volta, numa alusão ao facto de ser o derradeiro ciclista a partir para a última etapa. "Oito segundos são poucos e são muitos. Será difícil anulá-los, mas vou tentar", disse Arroyo.

Já se esperava que a nona etapa não trouxesse nada de nova na frente. Quase toda em linha, a corrida registou três fugas anuladas, a última das quais protagonizada pelo espanhol Angel Gomez (Saunier Duval) e os italianos Alessandro Cortinovis (Lampre) e Paolo Lafranchi (Margrés), que descolaram de um grupo de sete para rolarem sozinhos durante quase 40 quilómetros antes de serem apanhados na subida para a única contagem de montanha (de quarta categoria) da tirada e a última da prova - David Arroyo, o primeiro ciclista na história da Volta a ganhar no mesmo ano na Sra. da Graça e no Alto da Torre, sagrou-se ontem vencedor do Prémio de Montanha.

Pela primeira vez na presente edição, o pelotão acabaria por chegar compacto à zona da meta. Tal facto agravou a já de si perigosa rotunda que antecedeu a recta final e na qual os ciclistas que iam na frente do pelotão, a alta velocidade, não conseguiram efectuar a trajectória da curva, seguindo para uma saída entre barreiras onde se encontravam os carros de apoio. O principal prejudicado foi Cândido Barbosa, o melhor "sprinter" da competição, que tentava adiantar Nuno Ribeiro por forma a que este fosse bonificado em alguns segundos.

Irritação de Cândido

"É frustrante que depois de todo o trabalho feito pela minha equipa a organização não tenha escolhido o melhor sítio para uma chegada em pelotão. Acabei por ser empurrado e ficámos fora da vitória, quando fizemos tudo por tudo para consegui-la", afirmou Barbosa. O director-técnico da Volta, Joaquim Gomes, lembra que avisou os directores desportivos das dificuldades do final da etapa e que não havia alternativas em Alcobaça, mas reconheceu que a organização poderia ter feito mais no que diz respeito à sinalética.

Alberto Ongarato, nascido em Pádova há 29 anos, acabou assim por tirar proveito da confusão gerada naquela rotunda para conquistar o seu segundo triunfo na Volta da Portugal, quatro anos depois anos depois de ter ganho ao "sprint", ao serviço da Mobilvetta, sobre o espanhol Angel Edo e o lituano Saulius Sarkauskas na meta instalada em Portalegre. Em Alcobaça, levou a melhor sobre o português Pedro Costa (ASC-Vila do Conde) e o espanhol Ramon Zaragosa (Imoholding-Loulé), oferecendo a segunda vitória nesta Volta à Fasso Bortolo.

Hoje, uma confirmação do triunfo do espanhol David Bernabéu e da Milaneza-Maia, na classificação por equipas, fá-los-iam repetir o feito de Venceslau Fernandes (Ajacto-Morphy Richards), que em 1984 triunfaram na Volta sem terem conquistado uma única etapa na presente edição.

Na edição de há 20 anos, Venceslau Fernandes, então com 39 anos, arrebatou a camisola amarela em Gouveia, num segundo sector da sexta etapa ganho por Marco Chagas, mantendo-a até Matosinhos, onde concluiu a 46ª edição da Volta com 1m02s de vantagem sobre Manuel Zeferino, então ao serviço do Sporting-Raposeira.

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