Governo iraquiano encerra delegação da Al-Jazira em Bagdad
Ao início da noite, polícias iraquianos entraram na delegação, ordenando a evacuação dos funcionários da televisão e encerrando as portas do local a cadeado.
Horas antes, o ministro do Interior iraquiano, Falah al-Nakib, explicou que o Comité Nacional de Segurança decidiu encerrar temporariamente a delegação durante o período de um mês, após uma análise aos conteúdos transmitidos pela televisão por satélite. “Pedimos a um comité independente que observasse a Al-Jazira durante as últimas quatro semanas, para saber que tipo de violência ela defendia, incitando ao ódio e às tensões raciais”, explicou.
“Esta decisão destina-se a proteger a população iraquiana”, garantiu, negando qualquer intenção censória.
Confrontada com esta decisão, a direcção do canal lamentou o encerramento, afirmando tratar-se de uma iniciativa “contrária às promessas de abertura” feitas pelo novo Governo iraquiano.
Por seu lado, a organização de defesa da liberdade de imprensa, Repórteres Sem Fronteiras exige que Bagdad “explique rapidamente os motivos” que determinaram o encerramento da delegação, afirmando que a decisão remete “para casos recorrentes de censura observados no Iraque”.
A Al-Jazira, criada em 1996, tem sido incómoda para os dirigentes árabes devido à abordagem que faz de temas políticos, sociais e religiosos, considerados “tabu” em vários países – razão que levou as autoridades da Jordânia e da Arábia Saudita a suspenderem as emissões do canal nos respectivos países.
A estação atingiu notoriedade mundial pela sua cobertura da guerra do Afeganistão, em 2001, e pela divulgação exclusiva de gravações de Osama bin Laden – o que leva o Ocidente a acusá-la de proximidade com grupos extremistas islâmicos.