Protesto ibérico contra novas barragens no rio Minho junta 1500 pessoas

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Um grupo de opositores à construção das barragens desceu o rio Minho em barcos pneumáticos cedidos por uma associação de desportos radicais do Alto Minho e outra da Galiza, num percurso de seis a sete quilómetros, iniciado no centro de Melgaço e terminado na ponte internacional para Arbo.

Um segundo grupo realizou idêntico percurso a pé, nas margens do rio, através da chamada "rota das pesqueiras", áreas preparadas para facilitar a pesca fluvial, explicou Rui Solheiro, eleito pelo PS. Ao protesto associaram-se associações ambientalistas como a Quercus, Liga para a Protecção da Natureza e Corema. Associações culturais, grupos ligados aos desportos radicais e estruturas de pescadores portuguesas e espanholas também participaram na iniciativa, detalhou o autarca.

Segundo o presidente da Câmara, a construção das barragens "põe em causa espécies piscícolas como o sável, a lampreia ou o salmão, e as albufeiras vão submergir centenas de pesqueiras milenares que existem no Minho". Vai provocar-se ainda a alteração do microclima, "pondo em causa a produção do famoso vinho Alvarinho", e "vai acabar-se com as cascatas que permitem desportos radicais", frisou Rui Solheiro.

"É incalculável o prejuízo que as barragens podem provocar e é por isso que manifestamos uma oposição radical à sua construção", sintetizou o autarca raiano.

As três barragens serão construídas por um consórcio luso-espanhol, liderado pela Union Fenosa e com uma participação minoritária (35 por cento) da portuguesa EDP.

O dirigente da Corema José Gualdino disse à Lusa que esta é a segunda tentativa de lançar novas barragens no Minho, tendo sido gorada, em 1990, a construção de um outro aproveitamento hidroeléctrico naquele rio - a barragem de Sela. O rio Minho é já o curso de água ibérico com o maior número de aproveitamentos hidroeléctricos.

Na zona de jurisdição espanhola deste rio, partilhado com Portugal ao longo de 70 quilómetros, há um aproveitamento hidroeléctrico por cada 500 quilómetros quadrados, prevendo-se a construção de mais 30 barragens. Esta densidade de aproveitamentos hidroeléctricos é três vezes superior à de dois outros grandes rios ibéricos, o Douro e o Guadiana, assinala a Nova Cultura da Água (NCA), uma fundação de origem espanhola, notabilizada pela sua oposição ao Plano Hidrológico Espanhol.

Já na zona de jurisdição portuguesa, o Minho e os seus afluentes têm um total de 55 aproveitamentos hidroeléctricos, segundo José Gualdino.

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