EUA anunciam morte de 300 rebeldes nos confrontos em Najaf
"Calculamos ter matado 300 elementos das forças anti-iraquianas nos dois últimos dias de combate em Najaf", afirmou uma porta-voz dos "marines" norte-americanos, que sofreram três baixas nos combates.
Grande parte destas baixas ocorreu nos combates no grande cemitério da cidade santa, onde o "Exército de Mahdi", a milícia leal ao líder radical xiita Moqtada al-Sadr, se mantinha entrincheirada há vários meses.
O anúncio foi feito horas depois do novo governo iraquiano ter reafirmado a intenção de desmantelar todas as milícias ainda activas no país, responsabilizadas por grande parte da instabilidade que continua a assolar o país.
"Estamos convencidos a cem por cento que não devem existir milícias", declarou Girgis Saada, porta-voz do Governo interino iraquiano, garantindo que todos os milicianos "serão considerados como terroristas e criminosos". "Tomaremos todas as medidas necessárias" para acabar com estes grupos, acrescentou o porta-voz do Governo interino, que elegeu a segurança como a sua principal prioridade.
Apoiado pelo poderio militar norte-americano, o novo Executivo de Bagdad elegeu como primeiro alvo a cidade de Najaf. Depois das escaramuças de ontem, a aviação e os tanques norte-americanos bombardearam durante toda a manhã as forças leais a Sadr, concentradas em redor do mausoléu do imã Ali (considerado pelos xiitas como o legítimo sucessor de Maomé) e do grande cemitério da cidade.
Um pouco por toda a cidade, privada de electricidade e água, são visíveis pequenos incêndios. Em Kufa, uma pequena cidade nos arredores de Najaf, bastião de Al-Sadr, os bombardeamentos aéreos provocaram pelo menos três mortos.
Igualmente pesado é o balanço registado em Sadr City, um dos subúrbios mais pobres de Bagdad, onde pelo menos 26 pessoas morreram e 90 ficaram feridas, em consequência dos confrontos entre a milícia de Sadr e as forças iraquianas, auxiliadas pelos militares norte-americanos.
Contudo, o Executivo iraquiano garante que a operação não ficará restringida a estas cidades, ou à milícia xiita. Questionado sobre a intenção de estender esta operação às milícias sunitas e aos seus bastiões de Falluja e Ramadi (no Oeste do país), o porta-voz governamental garantiu que a intenção do Executivo "se aplica a todos" os grupos, "sejam eles quem forem". "Não haverá mais milícias ilegais. Essas pessoas são terroristas", sublinhou.
Nesse sentido, as forças norte-americanas lançaram na última madrugada uma operação de grande envergadura contra Samarra, um bastião sunita a Norte de Bagdad. Segundo uma fonte governamental, "três rebeldes foram mortos e outros nove capturados".
Os combates estenderam-se também ao Sul do país, habitualmente menos conflituoso. Em Bassorá cinco pessoas foram mortas nos confrontos entre milicianos xiitas e as forças britânicas, enquanto em Nassíria — onde está estacionado o contingente português — sete iraquianos morreram e outros 13 ficaram feridos na troca de tiros que opôs os militares italianos aos homens de Sadr.
Confrontado com este ofensiva, o líder radical xiita, voltou hoje a exortar os seus apoiantes a lutarem contra os soldados americanos, afirmando que "a América é o verdadeiro inimigo" do povo iraquiano. "O presidente iraquiano diz: a América é a nossa parceira, mas eu digo-vos que a América é o nosso verdadeiro inimigo", sustenta Sadr, num comunicado lido por um dos seus colaboradores nas orações de sexta-feira na mesquita de Kufa.