Cerca de 100 mil pessoas esperadas no Festival do Sudoeste

A organização prevê 25 a 30 mil pessoas por dia e, ao final da tarde de ontem, a taxa de ocupação do parque de campismo instalado na Zambujeira do Mar dava a entender que esses números são possíveis. Hoje, no segundo dia do festival, tocam os Massive Attack e Franz Ferdinand.

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Os ingleses Massive Attack vêm revelar mais uma vez temas do álbum do ano passado 100th Window DR

Ao final da tarde de ontem o Festival Sudoeste, que decorre até domingo na Zambujeira do Mar, dava os primeiros sinais de vida e já era possível perceber que a afluência de público não deverá ser muito diferente em relação a anos anteriores. A organização, da Música no Coração, prevê entre 25 e 30 mil pessoas por dia.

A primeira noite é sempre a mais fraca, mas se o nível de ocupação do parque de campismo - 10 mil pessoas tinham acampado até ontem à tarde segundo a organização - e as movimentações juntam à bilheteira forem indicadores fiáveis, então o Sudoeste é bem capaz de não vir a sofrer os efeitos de um ano invulgar como tem sido 2004, com a realização de inúmeros eventos para grandes assistências. Aos fiéis, como João Mário, estudante, que desde há quatro anos a esta parte se desloca de Aveiro para a Zambujeira do Mar, essa possibilidade não incomoda: "Se vier menos gente tanto melhor, este festival também não comporta muito mais gente do que o ano passado", argumenta, acrescentando que o festival funciona para ele e para os amigos como período de férias. A música não é o mais importante.

Mas nem todos partilham da mesma opinião. Hugo Rafael, de Setúbal, veio pelos Massive Attack: "Já cá vieram muitas vezes, mas são sempre bem-vindos. Não me canso de os ver", afirma. Na sua companhia está Mario Santos, de Ovar, que quer ver "os Kraftwerk porque não os vi quando estiveram cá este ano e ouvi dizer maravilhas do seu espectáculo". O facto de existir a ideia feita de que a música electrónica não funciona em espectáculos ao ar livre não o preocupa: "Acho que eles vão conquistar toda a gente."

A organização introduziu 70 novas casas de banho no parque de campismo, mas ninguém pareceu notar grandes alterações: "Para mim está tudo bem, estive cá em 2003, gostei, e este ano não me parece nada diferente", argumenta Marco Parreira, na companhia da namorada, que disse estar curiosa em ver os portugueses Da Weasel. No interior do parque a azáfama era grande. Uma equipa de seis pessoas entrou em acção para distribuir preservativos.

Enquanto uns procuravam o melhor lugar para acampar, outros ouviam música numa tenda de relaxamento e outros bebiam, por exemplo, água de coco a 3,5 euros. O responsável pelo banca, João Manuel, de Aveiro, garante fornecimento diário de cocos provenientes de Lisboa, mas até ao final da tarde de ontem "o negócio estava fraco". Ontem, era este o panorama à volta do recinto. A normalidade imperava. Na fila para obter uma acreditação um jornalista espanhol, da TV Galiza, argumentou que "o Sudoeste tem a vantagem de ainda não estar massificado como o Benicassim", o mais importante evento do género em Espanha que está a acontecer nesta altura.

Muitos portugueses não se importariam de trocar a Zambujeira por Benicassim - o cartaz deste festival é mais vasto - mas não digam isso a Molina: "O que me agrada aqui é o facto de não haver ansiedade. Em Benicassim existem não sei quantos palcos e atracções, nunca nos fixamos, aqui é mais calmo." Ontem, a calma era aparente - toda a gente sabe que a tranquilidade da zona vai acabar enquanto durar o festival, mas à entrada do recinto o que surpreendia ontem, em primeiro lugar, era o verde da relva, alongando-se por todo o recinto. Às 18h, o recinto ainda estava encerrado ao público e, no centro, estava Rodrigo Leão. No final do ensaio de som, o autor do mais recente sucesso da música portuguesa, o álbum "Cinema", estava como o ambiente pré-festival: calmo. Há dois anos deu um dos melhores espectáculos da edição de 2002. Pelas 22h de ontem foi ele que abriu um festival que emprega, nesta edição, um total de 3106 pessoas.

Hoje os grandes destaques são a estreia em Portugal dos escoceses Franz Ferdinand, uma das sensações do ano com um álbum homónimo, os ingleses Massive Attack, que vêm revelar mais uma vez temas do álbum do ano passado "100th Window", os americanos Dandy Warhols e os portugueses Clã.

Relaxar no Alentejo

Costas, 4 euros, pernas, 3 euros e pés, 3 euros. "Mas normalmente as pessoas preferem tratamento completo". Quem o diz é Joana Godinho, uma das duas pessoas responsáveis pelas "massagens terapêuticas" do festival. À tarde, no parque de campismo e, à noite, na Tenda Oxigénio, providenciam massagens "para desligar do ambiente do festival", afirma. Não é a primeira vez que está num festival de música. Na edição deste ano de Vilar de Mouros providenciou massagens a Peter Gabriel e à sua filha, antes de ambos entrarem em palco, e diz que a experiência está a correr "optimamente". Pelas suas mãos irão passar muitos festivaleiros, "gente com um comportamento muito civilizado", garante.

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