Câmara de Almodôvar abriu conta bancária de solidariedade às vítimas de incêndio

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O incêndio no concelho de Almodôvafr afectou uma área florestal e agrícola de cerca de 10.350 hectares Paulo Novais/Lusa

"Decidimos abrir a conta porque fomos contactados por muitos naturais de Almodôvar, residentes na área de Lisboa ou noutros pontos do país, e outras pessoas que queriam ajudar", explicou o autarca António Sebastião, indicando que os donativos devem ser depositados na Caixa Geral de Depósitos, na conta com o número 0066010074230.

A iniciativa, denominada "Município de Almodôvar - Coragem S. Barnabé", visa recolher a solidariedade dos portugueses para com a população afectada pelo incêndio que, entre 26 e 30 de Julho, lavrou no concelho e também no Algarve.

"Há entidades competentes no terreno a fazer o levantamento dos inúmeros prejuízos sofridos, sobretudo na agricultura, e as ajudas monetárias serão, depois, distribuídas pela autarquia às pessoas lesadas, consoante o valor das suas perdas", realçou.

Segundo o presidente da Câmara de Almodôvar, o incêndio que lavrou na freguesia de S. Barnabé, em plena serra do Caldeirão, e que se estendeu aos concelhos de Silves, Loulé e S. Brás de Alportel, devastou "parte significativa" da zona serrana. "Podemos adiantar que o fogo, neste município, afectou uma área florestal e agrícola de cerca de 10.350 hectares e causou avultados prejuízos, destruindo toda a exploração de montado de sobro, azinho e medronheiro, assim como a produção de mel e de gado", sublinhou o responsável.

Uma equipa da autarquia está no terreno a acompanhar as populações afectadas e a realizar o levantamento dos prejuízos, o mesmo acontecendo com uma equipa da Segurança Social.

"Esta sexta-feira, ou o mais tardar segunda-feira, uma equipa da Direcção Regional de Agricultura também vai percorrer a área para calcular os danos agrícolas, tanto em termos de espécies vegetais como de efectivo pecuário", acrescentou.

O autarca alentejano, que reclamou logo no dia 28 a declaração do estado de calamidade pública para o seu concelho, explicou também já ter reunido, esta semana, com o ministro das Cidades para discutir quais os apoios necessários. "Já fizemos o ponto da situação, quanto aos prejuízos e a ajuda que a população precisa. Sei que é uma ’máquina’ que leva sempre algum tempo a arrancar, mas há um compromisso do Governo e espero que os apoios sejam disponibilizados com celeridade", argumentou.

Ainda no que respeita ao sector agrícola, o autarca acrescentou que os auxílios já começaram a chegar, dado que "os pastos arderam praticamente todos" e os criadores de gado "estão a ter dificuldades para alimentar os animais". "Fizemos vários pedidos a associações de agricultores para ajudarem nesse capítulo e a do Campo Branco [ligada a Castro Verde e aos concelhos vizinhos, como Almodôvar] já enviou mais de um milhar de fardos de palha e sacos de ração para o gado", adiantou.

O fogo de Almodôvar e São Brás de Alportel e Loulé foi extinto na tarde do dia 30, depois de ter envolvido um total de 666 bombeiros, 187 veículos, cinco aerotanques pesados, três helicópteros bombardeiros pesados, um helicóptero bombardeiro médio, um helicóptero ligeiro e dez máquinas de rasto, quatro das quais do Exército.

Nesse mesmo dia, a Polícia Judiciária de Faro deteve um casal suspeito de ter ateado pelo menos quatro fogos no concelho de Almodôvar, um dos quais foi o que se propagou ao Algarve. Os suspeitos, de 42 e 22 anos de idade, foram presentes a tribunal e aguardam agora julgamento em prisão preventiva.