Equipa de Barroso com oito mulheres em vinte cinco comissários

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Duas das primeiras decisões tomadas por Barrroso desde que se tornou presidente eleito da Comissão traduzem a vontade de cumprir a promessa feita ao PE de exercer uma presidência forte Etienne Ansotte/EPA

Esta meta, nunca antes alcançada desde a criação da Comissão Europeia, o orgão executivo da União Europeia (UE), fora uma das promessas feitas por Barroso ao Parlamento Europeu na perspectiva da sua eleição a 22 de Julho. Isto, embora reconhecendo que a escolha de cada um dos restantes vinte e quatro membros da equipa, um por cada estado membro da UE, é uma perrrogativa dos governos nacionais.

O futuro presidente da Comissão deixou no entanto implícita a sua influência na escolha dos comissários ao salientar, no seu primeiro comunicado de imprensa, que "as nomeações resultaram de uma cooperação excelente entre os vinte e quatro chefes de estado ou de governo e o Senhor Barroso". Os comissários "formam uma equipa forte e equilibrada" e "é um grupo de elevada qualidade com uma grande experiência dos assuntos europeus e de um vasto leque de áreas", acrescenta o mesmo comunicado.

A próxima etapa constitui a distribuição dos pelouros entre os comissários, que Barroso pretende concluir o mais tardar durante a última semana de Agosto. Este é um processo que provoca, em regra, duras negociações devido ao número limitado de pastas com poderes reais. Logo a seguir arrancarão as audições a cada um dos comissários pelas comissões especializadas do Parlamento Europeu, até à investidura da totalidade do "colégio" de comissários no fim de Outubro.

Duas das primeiras decisões tomadas por Barrroso desde que se tornou "presidente eleito" da Comissão, há duas semanas, traduzem a vontade de cumprir a promessa feita ao PE de exercer uma presidência forte. A primeira, foi a decisão de voltar a reunir todos os comissários no mesmo local, acabando com a dispersão da equipa decretada pelo actual presidente, Romano Prodi: o "Berlaymont", o edifício mítico em forma de estrela que albergou a Comissão entre os anos 60 e 90, e que passou por dez longos anos de obras para retirar o amianto utilizado na sua construção, voltará a ser o centro do poder na UE. Além de altamente simbólica, esta reunião dos comissários traduz uma firme vontade de reforçar a colegialidade da instituição e voltar a dar-lhe a imagem dos anos de ouro.

A segunda decisão crucial do futuro presidente foi a escolha, para chefiar a sua equipa de colaboradores directos, de João Vale de Almeida, um dos altos funcionários portugueses mais graduados e com maior conhecimento e experiência da Comissão. Este é um posto chave: grande parte do sucesso de Jacques Delors deveu-se ao seu chefe de gabinete, o francês Pascal Lamy, que se tornou posteriormente num dos comissários mais influentes da equipa Prodi. Os próximos de Barroso frisam no entanto que Vale de Almeida ocupa o posto durante o processo de transição até à tomada de posse da nova Comissão, a 1 de Novembro, não sendo seguro que se mantenha nas mesmas funções depois dessa data.

Entre as oito mulheres que vão integrar a nova Comissão, duas transitam da equipa Prodi: a sueca Margot Wallstrom, actual responsável pelo ambiente, e a luxemburguesa Viviane Reding, titular da cultura e audiovisual. A Lituânia manteve a sua ex-ministra das Finanças, Dalia Grybauskaite, nomeada a 1 de Maio, com a adesão dos dez novos estados membros, o mesmo acontecendo com a polaca Danuta Huebner, ex-ministra dos Assuntos Europeus. Já a Letónia optou por substituir Sandra Kalniete, antiga ministra das Finanças, por Ingrida Udre, presidente do parlamento nacional.

As restantes três mulheres exerceram funções importantes nos governos nacionais: Benita Ferrero-Waldner, ministra dos Negócios Estrangeiros da Áustria, Neelie Kroes, antiga ministra dos Transportes da Holanda, e Mariann Fischer Boel, ministra da Agricultura e Pescas da Dinamarca.

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