Explosão na Petrogal: trabalhadores condenam declarações de Narciso Miranda
As palavras do autarca são classificadas pelos trabalhadores como "declarações incendiárias" que "poderão eventualmente servir interesses imobiliários, mas em nada contribuirão para o verdadeiro progresso de Matosinhos e para a melhoria das condições de trabalho e de vida dos que laboram e residem nesta região", lê-se no comunicado da CCT.
Os trabalhadores da Petrogal lamentam as afirmações do autarca de Matosinhos, "que pôs em causa a existência da refinaria do Porto, escamoteando a realidade dela, do seu funcionamento e a sua importância estratégica, económica e social para o País", merecem "frontal condenação"
Narciso Miranda defende há vários anos o encerramento definitivo da refinaria de Leça da Palmeira da Petrogal, devido aos perigos que uma estrutura daquele tipo acarreta para as populações e ao clima de insegurança que considera existir junto da população. Após a explosão de sábado, Narciso Miranda disse à Lusa que "sendo certo que a refinaria é uma estrutura de importância para o país, é também verdade que são os matosinhenses que suportam os seus impactes directos e indirectos, para além dos psicológicos".
No mesmo comunicado, a Comissão critica a alusão "no mínimo infeliz" do presidente do Conselho de Administração da Galp Energia, Ferreira do Amaral, quando afirmou que "as explosões se deveram a uma violação de procedimentos", o que para a CCT "ficou no ar sem qualquer precisão". Apesar de ainda não existirem dados que permitam conhecer os motivos do acidente, é para a CTT "inconcebível que se atribuam responsabilidades, seja a quem for, pelos acontecimentos nefastos ocorridos, ou que se procurem já bodes expiatórios".
Os trabalhadores salientam algumas das questões sobre as quais a CTT tem vindo a insistir junto da Administração: a redução drástica do necessário quadro de pessoal próprio, nomeadamente a nível de funções de segurança, inspecção e manutenção industrial; o insuficiente quadro de pessoal operacional e a contínua falta de formação profissional, ou o deficiente apetrechamento do terminal de Leixões são algumas situações que tem vindo a aumentar o "potenciar de riscos".
Por este motivo, a comissão não poupa críticas à anterior administração, de António Mexia - actual Ministro das Obras Públicas - "que em nada corrigiu questões essenciais como as exemplificadas".
No comunicado questiona-se ainda se o Ministro do Ambiente será intransigente até às últimas consequências, como garantiu no domingo, caso o inquérito comprove "as insuficiências na condução e gestão da Petrogal/Galp". "É impensável que (a obra) funcione de ânimo leve. Seremos totalmente intransigentes, vamos até às últimas consequências" caso se prove que a obra não cumpriu todas as normas de segurança, garantiu o ministro Luís Nobre Guedes.
Sábado, quando dois funcionários da Petrogal procediam à trasfega de combustível de um oleoduto para outro, no âmbito de uma obra da refinaria de substituição de pipelines, orçada em 30 milhões de euros, um derrame de combustível originou a primeira de duas explosões que fizeram 32 feridos.