Greve de estivadores de Lisboa levantada após acordo com gestora PSA
A greve, iniciada a 19 de Julho, visava protestar contra os contratos feitos pela PSA em Sines com os trabalhadores do Terminal XXI, que consideravam ter "repercussões para os outros portos" portugueses, afirmou António Mariano, do Sindicato dos Estivadores, Trabalhadores do Tráfego e Conferentes Marítimos do Centro e Sul de Portugal (SETC).
As negociações entre a PSA e aquele sindicato decorreram em Sines ao final de ontem, e hoje um plenário de trabalhadores portuários na Gare Marítima de Alcântara, aprovou o acordo assinado.
Neste acordo, a PSA obriga-se a cumprir as regras aceites pelas várias empresas de estiva relativamente ao recrutamento da mão-de-obra portuária.
Segundo aquele sindicalista, o acordo de empresa da PSA "desequilibrava os ordenados dos trabalhadores de estiva, criando mais um factor adicional de concorrência benéfica para o Porto de Sines".
O Terminal XXI de Sines, explorado pela PSA, já tem regalia de os primeiros 100.000 contentores desembarcados por ano estarem isentos de taxa portuária, ao contrário de Lisboa, onde cada contentor paga 20 a 30 euros.
Outro ponto objecto de protesto era a possibilidade de PSA recrutar e formar trabalhadores portuários, após terem formado um sindicato vertical, integrando directores, quadros, administrativos, pessoal de limpeza e estivadores, "atirando as condições remuneratórias dos estivadores para níveis muito abaixo das tabelas".
O SETC abrange os estivadores da Figueira da Foz, Lisboa, Setúbal e alguns de Sines, e a greve propagou-se também a Viana do Castelo, abrangendo uma hora em cada turno de trabalho, duas horas na semana iniciada a 26 de Julho e três horas a partir de 2 de Agosto, até hoje.
No princípio da segunda semana de greve, após algumas conversações com a PSA, apenas os trabalhadores do porto de Lisboa se mantiveram em greve.
O sindicalista apontou ainda o compromisso estabelecido de a PSA negociar até final de Setembro um processo de Acordo de Empresa com os sindicatos - o SETC e o Cimporsines, este último pertencente à mesma federação sindical.