Sócrates rejeita debates com adversários na comunicação social

Foto
A intenção de Sócrates em manter a discussão interna longe da comunicação social foi apresentada ontem à tarde numa reunião decorrida na sede nacional do PS Manuel de Almeida/Lusa

A intenção de Sócrates em manter a discussão interna longe da comunicação social foi apresentada ontem à tarde numa reunião decorrida na sede nacional do PS, em Lisboa, na qual estiveram presentes representantes das três candidaturas - o director de campanha de Alegre, Osvaldo de Castro, o deputado e apoiante de João Soares, Carlos Luís, e o eurodeputado e apoiante de Sócrates, Capoulas Santos.

Para este encontro, proposto pela candidatura de Sócrates, estava previsto o agendamento de debates nas federações, mas a presença dos jornalistas nessas acções e a participação dos candidatos em discussões em órgãos de comunicação social acabaram por gerar controvérsia. Alegre e João Soares defenderam a abertura da disputa interna à comunicação social, enquanto Sócrates rejeitou a proposta. "Acho extraordinário fechar as portas à comunicação social", frisou Alegre, acrescentando que a posição defendida pela candidatura de Sócrates "é reveladora de muita coisa". "Nós não estamos na clandestinidade", apontou, argumentando que "os portugueses devem saber o que os candidatos propõem para o país". Manuel Alegre lembrou ainda que José Sócrates "andou anos a fazer debates na comunicação social com o actual primeiro-ministro", estranhando, por isso, a recusa do adversário.

Também João Soares declarou ao PÚBLICO ser "absolutamente favorável à ideia de que a comunicação social deve cobrir os debates". Soares recordou ainda que "sempre que houve disputas" à liderança do PS "existiram debates na comunicação social", salientando também que esta pode ser "a melhor forma de os militantes terem conhecimento das propostas de cada candidato". Confrontado com as declarações de Soares e Alegre, Capoulas Santos, membro da candidatura de José Sócrates, disse ao PÚBLICO que o candidato entende a corrida à liderança do PS como "uma questão interna e não da praça pública". Escudando-se no facto de ter sido Sócrates quem avançou com a proposta de planear debates com os três candidatos, o eurodeputado explicou que a disputa interna "não deve ser um espectáculo mediático". Capoulas Santos defendeu ainda que a posição de Sócrates relaciona-se com a ideia de não querer provocar o gáudio dos restantes partidos políticos: "[José Sócrates] não está para ser actor mediático para gáudio dos seus adversários políticos". Para o apoiante de Sócrates, as discussões internas devem servir para "esclarecer os militantes" socialistas e "não dar trunfos" aos adversários partidários.

Capoulas Santos enjeitou ainda as críticas de Manuel Alegre, dizendo que "a prova de que [Sócrates] não tem medo é que foi ele quem convidou Manuel Alegre para participar em debates". "As famílias tratam os seus problemas internos em casa", disse, reiterando a tese de que a campanha para a direcção socialista "deve ser feita no local próprio, ou seja, em casa".

Sugerir correcção
Comentar