PS: Sócrates quer construir "um partido da esquerda moderna"

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Sócrates quer unir o partido, mas recusa unanimismos Manuel de Almeida/Lusa

"O país precisa de um PS forte, capaz, ambicioso, que esteja à altura do seu tempo", afirmou o dirigente socialista na apresentação da sua candidatura, depois de deixar uma "palavra de reconhecimento" a Ferro Rodrigues, a quem elogiou pela "firmeza política e coragem moral".

"Renovação e abertura" são, segundo o antigo ministro do Ambiente, os motores da sua proposta para o PS, um partido que, afirmou, se deve constituir "como uma alternativa credível".

Considerando que "os dois últimos anos de Governação foram maus demais para Portugal e o que se anuncia agora não é melhor", o candidato disse que o PS se deve assumir como "uma oposição enérgica e combativa", mas sublinhou que à crítica o PS deve sempre acrescentar "uma proposta alternativa".

Falando já para o país, Sócrates sublinhou que os socialistas devem apresentar "um projecto político que responda aos problemas dos portugueses", defensor de "um impulso mobilizador, mas feito com consciência e elevada sensibilidade social", definindo o crescimento e o emprego "como os principais objectivos económicos".

Por outro lado, afirmou que o partido deve abrir-se ao que classificou como "os temas da modernidade": política ambiental, defesa do consumidor e conhecimento.

Para o candidato, a renovação que deseja para o PS passa não só "pela renovação dos seus quadros políticos", mas também por uma mudança "no seu modo de funcionamento e de comunicação com as pessoas". Nesse sentido, sustentou que o partido não pode funcionar "em circuito fechado". "Trabalharei para a unidade do partido como é meu dever, mas recusarei sempre a tentação do unanimismo", afirmou, num recado para o interior do partido.

Considerando que "o maior desafio do PS" é a abertura "às novas ideias" e "à sociedade", Sócrates defendeu que o partido "deve empenhar-se em atrair à participação política os mais jovens", "cativar os melhores" e "restabelecer as pontes com os sectores mais dinâmicos da sociedade".

O antigo ministro de António Guterres admitiu que esta é uma receita antiga, ao evocar "a lição" dos Estados Gerais de 1995: "o projecto é que congrega, a abertura é que gera movimento". "É esse espírito que eu desejo promover na acção política do PS", sublinhou.

Reunidas que estejam estas condições, sustentou, "o PS poderá afirmar-se como o partido da esquerda moderna em Portugal (...) orgulhoso do seu passado, mas que fita o futuro com a confiança que só um grande passado pode dar", concluiu.

Dirigentes nacionais no Rato para apoiar Sócrates

Foram muitos os actuais dirigentes do partido que quiseram estar presentes na sede do PS para dar o seu apoio a José Sócrates, entre eles vários líderes das federações distritais (como Francisco Assis), dirigentes nacionais (como Jorge Coelho) ou históricos do partido (Jaime Gama).

Em declarações à TSF, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou que o seu antigo colega de Governo "é capaz de interpretar com grande eficácia os objectivos da esquerda moderna".

Já Assis, líder da distrital socialista do Porto, afirma que Sócrates será "um líder capaz de mobilizar o partido e suscitar um amplo apoio da população", contrariando "o populismo conservador" do novo Governo. Ainda assim, o responsável espera um "debate aberto, livre e participado" entre os militantes, defendendo que a discussão dos diferentes programas políticos é essencial para o partido.

Também Jorge Coelho, que chegou a ser dado como potencial candidato à sucessão de Ferro Rodrigues, sustentou que o antigo ministro do Ambiente "reúne as melhores condições para criar aquilo que o PS precisa para combater a direita".

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