Bairro 6 de Maio e instituições exigem investigação a morte de jovem

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A Direcção Nacional da PSP já negou qualquer responsabilidade na morte do jovem Paulo Pimenta (PÚBLICO)

Os moradores do Bairro 6 de Maio, na Amadora, e várias instituições exigiram hoje "urgência" na investigação das causas da morte de um jovem de 16 anos, na passada sexta-feira, dois dias depois de ter sido identificado pela polícia.

Em comunicado, os amigos do jovem exigem com "urgência um processo de investigação imparcial junto das entidades envolvidas - PSP, Centro de Saúde da Venda Nova e Hospital Amadora-Sintra - para que sejam apurados os factos e seja feita justiça perante os agredidos e sobretudo à família do José Carlos".

Também a Câmara da Amadora, a Junta de Freguesia e PSP da Venda Nova, o Alto Comissariado para a Imigração e Minorias Étnicas e o Instituto de Reinserção Social, entre outras instituições, defendem a "necessidade de uma investigação imediata, imparcial e consequente face à actuação das forças policiais juntos dos jovens".

A morte do jovem no hospital, dois dias depois de ter sido identificado na esquadra da Reboleira, originou distúrbios no Bairro 6 de Maio nos dias seguintes e levou à convocação de uma reunião que juntou moradores e os parceiros sociais do centro social local.

As referidas reivindicações saíram desse encontro promovido segunda-feira pelas Irmãs Missionárias Dominicanas do Rosário, responsáveis pelo Centro Social do Bairro 6 de Maio.

Num "Comunicado pela Justiça", as religiosas explicam que a reunião teve "como objectivo dar a conhecer todos os factos, unir forças, de modo a que tais acontecimentos jamais se venha a repetir".

Perante os acontecimentos, os moradores manifestaram a sua "incompreensão pela forma como jovens menores de idade são violentamente agredidos pelas forças policiais". "Reconhecemos que não é através da violência ou dos sentimentos de vingança, que nos levaram aos confrontos com a polícia no passado fim-de-semana, que encontraremos explicação para a morte do nosso amigo Téte e para o sentimento de revolta e dor que nos invade", afirmam no comunicado.

Nesse sentido, os moradores apelam a todas as instituições e à sociedade em geral para que "esta morte não seja em vão, punindo aqueles que erraram perante a lei e encontrando soluções para impedir que estes acontecimentos se voltem a repetir".

Durante o encontro, os jovens do bairro fizeram um breve relato dos factos ocorridos desde o dia 16 de Junho - data em que foi apresentada a queixa do roubo de uma carteira na esquadra da Reboleira e alguns jovens do bairro foram detidos e, segundo eles, agredidos fisicamente tanto na esquadra como fora dela por agentes da PSP - até ao fim-de-semana em que ocorreram os distúrbios.

Manifestaram ainda o "repúdio por quaisquer actos de violência física por parte das autoridades policiais juntos de jovens menores de idade em todas as situações" e rejeitaram quaisquer actos de violência e vingança por parte dos jovens face à morte de José Carlos.

No passado sábado, a Direcção Nacional da PSP negou qualquer responsabilidade na morte do jovem e ordenou a abertura de um rigoroso inquérito interno para apurar o que aconteceu na esquadra da Reboleira.

Os primeiros resultados da autópsia efectuada pelo Instituto de Medicina Legal de Lisboa afastam a hipótese do jovem ter morrido devido a lesões provocadas por agressão.

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