Brasil aposta na união comercial entre países em desenvolvimento

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Rubens Ricupero (esquerda) receia que estratégia defendida por Celso Amorim (direita) forme nova geografia do comércio Alexandre Meneghini/AP

O Brasil, que assumiu com a Índia o papel de líder no G20 – grupo criado em 2003 que reúne os maiores dos países em desenvolvimento – vai levar para as negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) desta semana uma estratégia baseada na união entre os países do G20, disse o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, à “Folha de São Paulo”.

Hoje, começou em São Paulo uma semana de negociações com representantes do comércio de todo o mundo para tentar desbloquear o impasse entre nações ricas e as nações em desenvolvimento.

De acordo com o ministro, ouvido pelo jornal “Folha de São Paulo”, “quem teve tratamento diferenciado até hoje foram os países ricos, cuja produção, sobretudo a agrícola, ficou isenta [de abertura comercial]".

Durante as negociações, o Brasil vai optar, por um lado, iniciar negociações comerciais entre países em desenvolvimento – fragilizadas desde as crises económicas dos anos 80 e 90 - e, por outro, usar a aliança com os seus parceiros do G20 para pressionar União Europeia, Japão e EUA a abrirem os mercados.

Rubens Ricupero, secretário-geral da Unctad (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), receia que esta estratégia brasileira de negociações Sul-Sul desvie o comércio e forme uma “nova geografia do comércio internacional".

Por seu lado, Celso Amorim denunciou “manobras para tentar dividir os países em desenvolvimento”. "Nós temos de reforçar a nossa cooperação, reforçar a nossa solidariedade, porque só assim vamos ter resultados", disse Amorim.

Em Setembro de 2003, falharam no México as negociações para um acordo comercial na OMC e os países em desenvolvimento recusaram-se a assinar o que consideraram ser um negócio injusto. Estes defendem um maior acesso aos mercados das nações ricas e uma redução dos subsídios à agricultura europeia e norte-americana.

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