Praias fluviais continuam a não garantir qualidade

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As praias fluviais ainda não conseguem isentar-se da poluição Miguel Madeira/PÚBLICO

A associação Quercus fez um levantamento dos resultados das análises à qualidade da água de todas as zonas balneares e concluiu que nenhuma praia nos rios conseguiu manter sempre bons níveis de qualidade nos últimos cinco anos. O objectivo dos ambientalistas foi avaliar quais as zonas que têm tido, sistematicamente, bons resultados. No total são 169 praias que classificam como tendo qualidade de ouro. No canto oposto estão as praias que tiveram maus resultados. Entre as 37 detectadas, 22 são fluviais ou interiores.

O concelho com maior número de praias com qualidade da água de ouro é Albufeira (com 16 zonas balneares), seguido de Vila do Bispo (12 zonas balneares) e de Almada (10 zonas balneares). Paradoxalmente é também o município de Albufeira, em conjunto com o de Matosinhos, que apresenta maior número de praias classificadas como más em 2003, concretamente Pescadores e Inatel no primeiro caso e Matosinhos e Angeiras no segundo.

Matosinhos teve seis praias com pelo menos uma análise má, apesar de na contabilização de toda a época balnear apenas duas terem ficado com a classificação de má. Ribeira d'Alge, em Alvaiázere, Castanheira do Lago Azul, em Ferreira do Zêzere e Burgau, em Vila do Bispo, são os outros casos de praias com fraca qualidade.

O caso mais problemático parece ser o de Castelo de Bode e "note-se que os padrões de exigência para as águas balneares são muito inferiores aos que são aplicados para as águas de consumo", sublinha Francisco Ferreira, da Quercus. Não quer isto dizer que os habitantes de Lisboa andem a consumir água com má qualidade. O que acontece é que o líquido retirado da albufeira tem que sofrer um importante tratamento para poder ser distribuído aos cidadãos.

A Quercus aproveita também para criticar os pedidos de derrogação de análises más que são feitos à União Europeia e que no ano passado ascenderam a nove. A justificação dada pelo Governo é que houve condições meteorológicas excepcionais que podem explicar essa perda de qualidade mas os ambientalistas contrapõem que "este argumento é duvidoso dado que as precipitações verificadas durante a época balnear não foram demasiado significativas, mesmo que em termos percentuais estejam acima da média". Por isso, para os ambientalistas, "é mais a vulnerabilidade à poluição, nomeadamente as falhas no saneamento básico, que estarão na origem das análises más identificadas".

Entre as 33 novas praias classificadas este ano como zonas balneares 15 são interiores e, destas, apenas duas têm boa qualidade, apresentando as restantes resultados aceitáveis. Apesar de tudo, globalmente, a qualidade das praias tem melhorado, sublinha a Quercus. Porém, os ambientalistas gostariam que a periodicidade das análises fosse semanal pois actualmente, a frequência das análises efectuadas pelos serviços do Ministério do Ambiente resulta de critérios que estão relacionados com o historial da praia em termos de qualidade.

A lista das praias com qualidade de ouro está disponível em www.quercus.pt.

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