Mais de uma centena de mortos na Somália

Mais de 100 pessoas já foram mortas durante as três últimas semanas na cidade de Mogadíscio, capital da Somália, de onde milhares de habitantes fugiram, devido aos piores incidentes destes últimos anos.

Só desde quinta-feira já houve cerca de 60 mortos na luta entre milícias rivais na parte setentrional da cidade, onde se vive de novo em clima de guerra civil, como tantas vezes aconteceu durante os anos 90.

Luta-se há dias perto do porto de El Maan, 35 quilómetros a norte da capital, com disparo de morteiros e de armas automáticas.

Grupos leais ao senhor da guerra Muse Sudi Yalahow e ao empresário Bashir Raghe combatem pelo controlo da zona portuária e de um hotel existente nas proximidades, o Global.

El Maan, o principal porto marítimo da Somália desde que as instalações oficiais de Mogadíscio foram encerradas em 1995, pertence a Mohamud Omar Adan, primo de Raghe, que dirige o seu departamento de exportação.

O país tem sete milhões de habitantes e vive em grande instabilidade desde a queda do Presidente Mohammed Siad Barre, no princípio de 1991, ninguém sendo capaz de prever se acaso virá a ser reconstituída a unidade nacional que existia há 14 anos.

Actualmente, a juntar à situação de guerra na área de Mogadíscio, há a notar que no Norte da Somália a situação de seca se agrava, afectando a capacidade das agências humanitárias para fornecerem auxílio às populações.

Teme-se um desastre durante os próximos meses, pois que nos últimos quatro anos as chuvas foram abaixo do normal na Somalilândia, na Puntlândia e na zona de Galgaduud, já a meio do país.

As terras de pasto deverão ficar exaustas dentro de duas semanas, depois de em algumas áreas já terem morrido perto de 80 por cento das cabeças de gado, segundo dados das Nações Unidas.

Já em 1974 a Somália sofreu uma grande seca e uma fome de enormes proporções, que acabaria por levar o ditador Siad Barre a embarcar na aventura de invadir a Etiópia, com o alegado objectivo de "libertar" a região de Oganden, povoada por pessoas de etnia somali

Com o o regime etíope apoiado por militares cubanos, as autoridades de Mogadíscio acabaram por ser derrotadas, tiveram de retroceder e começaram a ser contestadas por grupos oposicionistas.

Um desses grupos, no Noroeste (a antiga Somalilândia, que fora um protectorado britânico), o Movimento Nacional Somali, lançou-se em 1988 contra os militares de Barre, tendo a luta que se seguiu provocado milhares de mortos e a destruição quase total de Hargeisa, a capital regional.

Em Outubro de 1990, outros grupos juntaram-se à rebelião geral, incluindo o Congresso Somali Unido, que em Janeiro de 1991 entrou na capital e levou o Presidente a fugir, gerando-se um vazio do poder, que persiste até hoje.

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