Universal

Não é um filme que chegue a ter o lado assombrado que merecia, e que o princípio até parecia prometer. A tendência de Bertolucci para o grafismo (que não é de agora, e provavelmente é de sempre) impede-o, acabando por estabelecer os seus próprios limites. No entanto, "Os Sonhadores" funciona bastante bem na recriação dos percursos de iniciação cinéfila, do espírito de seita ao tom levemente patético que, visto a uma certa distância, é inevitável - esqueça-se Paris e o Maio de 68, o filme de Bertolucci é suficientemente universal para poder ser Lisboa e Maio de 88, por exemplo. Além de que (sejamos agora um pouco cinéfilos, da nossa parte) um filme que insira imagens de "À Bout de Souffle", "Mouchette", "Blonde Venus", "Shock Corridor", que tenha uma personagem a defender ferreamente Keaton contra Chaplin, não pode ser completamente mau. Não é, é até o mais interessante Bertolucci em anos.

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