Durão Barroso rejeita "todos os conservadorismos, de direita ou de esquerda"

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Quer à entrada quer à saída da cerimónia, Durão Barroso, que não falou aos jornalistas alegando estar rouco, não cumprimentou Valentim Loureiro João Abreu Miranda/Lusa

"Não somos um partido conservador, somos reformadores", frisou o líder do PSD, num jantar comemorativo dos 30 anos do partido, que reuniu cerca de quatro mil militantes.

Num discurso em que misturou recordações da vida do partido desde a sua fundação e os objectivos que tem definidos para o futuro, Durão Barroso reafirmou os dois grandes objectivos que diz defender para o futuro imediato de Portugal, o primeiro dos quais passa pela necessidade de enfrentar "o combate do alargamento da União Europeia".

O segundo desafio é o de "chegar ao final da década com um rendimento próximo da média europeia. Por isso esta política de rigor, para que este ano seja já possível a retoma económica", disse.

Referindo-se às eleições europeias, o primeiro-ministro manifestou a sua convicção de que "o PSD vai ganhá-las" e considerou que, "mais importante do que criar falsas querelas ideológicas, o importante é que Portugal tenha a melhor representação possível no Parlamento Europeu".

As recordações à fundação do partido e à "herança" de Sá Carneiro foram referências constantes nos discursos quer de Durão Barroso quer de Pinto Balsemão, quer ainda de um filme de 20 minutos transmitido durante a refeição retratando os 30 anos do partido.

Pinto Balsemão, que fez questão de subir ao púlpito com uma bandeira dos tempos em que o partido ainda se chamava PPD, levantou três questões, às quais deu respostas imediatas.

"Foi difícil fundar o PSD? Foi trabalhoso, duro, mas não, não foi difícil. Valeu a pena? Sim! E agora? Temos muito trabalho pela frente, de acordo com os princípios e ideais fundadores do partido", disse.

No final do seu discurso, Balsemão entregou a Montalvão Machado, em representação simbólica dos militantes que celebraram este ano três décadas de filiação, um "kit" que incluía um pin, uma medalha e o filme apresentado durante o jantar.

Quer à entrada quer à saída da cerimónia, Durão Barroso, que não falou aos jornalistas alegando estar rouco, não cumprimentou Valentim Loureiro, apesar do presidente da Câmara de Gondomar, juntamente com outros autarcas social-democratas, se encontrar sentado numa mesa muito próxima da de honra.

Face a um discurso de Durão Barroso com poucas novidades, Valentim Loureiro, que se fazia acompanhar dos seus assessores de imprensa, tornou-se numa das atracções naturais da noite para os jornalistas, a quem garantiu ter recebido "muitas solidariedades" nos últimos dias.

"Ainda não comecei a responder a muitas das mensagens que me chegaram, umas escritas, outras por telefone, vindas de figuras nacionais ou anónimas", disse, recusando-se a avançar para já nomes e recordando apenas que "o presidente do partido já se solidarizou" consigo.

Militante também há 30 anos, Valentim Loureiro recordou a sua entrada no partido pela mão de Amândio de Azevedo e considerou-se "bem identificado com o PSD".

"Sinto que tenho dado muitas coisas ao partido, mas ele deu-me muito mais", acrescentou.

Bem mais distante encontrava-se Luís Filipe Menezes, presidente da Câmara de Gaia, que optou por ficar numa mesa periférica juntamente com militantes anónimos, alegando desconhecer que havia uma mesa específica para autarcas.

Excluindo os membros do Governo presentes e alguns autarcas, a esmagadora maioria dos presentes era constituída por militantes de base, notando-se a ausência de inúmeros "barões" ou figuras públicas do partido.