Número de casos de anorexia e bulimia crescem em Portugal

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Estas doenças afectam sobretudo mulheres Miguel Silva/PÚBLICO

Mais de mil mulheres estão actualmente a receber tratamento hospitalar em Portugal por doenças como a anorexia e a bulimia, de acordo com o Núcleo de Doenças do Comportamento Alimentar (NDCA), que alerta que "estas doenças estão a aumentar em Portugal".

Esta semana é dedicada às doenças de comportamento alimentar e a NDCA avisa que "subjectivamente, podemos dizer que estas doenças estão a aumentar em Portugal, sobretudo a bulimia", nas palavras de Isabel do Carmo, médica endocrinologista do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e membro do NDCA.

A incidência destes distúrbios alimentares está a aumentar no país e só na consulta de Comportamento Alimentar do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, estão em tratamento cerca de 400 doentes, tendo surgido aproximadamente 30 novos casos apenas no passado mês de Janeiro.

Também a Associação de Familiares e Amigos dos Anorécticos e Bulimicos (AFAAB) concorda que aumentou a incidência da doença. "Recebemos cada vez mais pedidos de ajuda por parte de familiares desesperados que não sabem como lidar com o problema e com os comportamentos do doente", disse à Lusa Adelaide Braga, presidente da AFAAB.

De acordo com os estudos epidemiológicos existentes em Portugal, a bulimia atinge cerca de três por cento das raparigas entre os 18 e os 30 anos, enquanto a anorexia nervosa (falta de apetite) é uma doença mais rara que atinge cerca de uma em cada 200 raparigas que frequenta o ensino secundário.

Os especialistas alertam para a importância de fazer um diagnóstico precoce destas doenças e chamam a atenção para os sintomas: "É muito importante que os pais e os professores estejam atentos a sintomas como a perda de peso acentuada, o isolamento progressivo, alterações de humor com acessos de agressividade e modificação dos hábitos alimentares", sugere o psicólogo Abel Matos Santos, do Hospital de Santa Maria.

A comprovar a sobrelotação das consultas está o facto de haver uma lista de espera de seis meses para a primeira visita ao médico especialista. "Isto é uma loucura e nós já não temos mãos a medir. Há uma grande falta de meios humanos para tratar estas doenças e o tempo que as pessoas têm de esperar para chegarem à primeira consulta pode agravar muito o seu estado", disse Abel Matos Santos.

Durante toda a semana, a AFAAB vai distribuir folhetos informativos em todo o país com o objectivo de alertar pais, professores e médicos de clínica geral para as doenças do comportamento alimentar. A semana termina com um seminário sobre a anorexia e a bulimia nervosas, na sexta-feira, em Faro.

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