Morte no estádio aos 24 anos

O avançado húngaro Miklos Fehér caiu sozinho (instantes antes tinha mesmo sorrido para o árbitro quando este lhe mostrou o cartão amaralo), inanimado aos 91 minutos do Guimarães-Benfica, no relvado e nos minutos seguintes o seu estado deixou todos no estádio em "suspense". Muitos dos seus companheiros - e não só - desfizeram-se em lágrimas, rezaram, enquanto médicos e socorristas procuravam recuperá-lo. As "manobras de emergência", já no hospital, segundo o comunicado lido pelo médico do hospital Nossa Senhora da Oliveira Fausto Fernandes, "prolongaram-se até às 23h10 e sem sucesso". Foi então confirmado o óbito, derivado a uma "paragem cardio-respiratória".Os colegas do Benfica foram os primeiros a chegar junto a Fehér, que ainda dava sinais de algumas convulsões. Colocaram-no de lado, provavelmente para evitar que a língua o sufocasse. Mas depressa os jogadores mais próximos entraram em desespero, isto numa altura em que a equipa médica já assistia o jogador e, inclusive, lhe faziam uma massagem cardíaca, sinal de que o coração tinha parado. Mas o alívio durou apenas breves instantes, e as expressões e o choro convulsivo tantos dos jogadores do Benfica como de alguns adversários vimaranenses mostravam que a situação se tinha complicado novamente. Mais tarde, o PÚBLICO apurou que Fehér sofreu duas paragens cardíacas no relvado e que quando foi reanimado da segunda as suas pulsações eram muitos fortes, sinal, segundo um médico, de que a situação era dramática.No banco de suplentes benfiquista, o adjunto Pepe Carcelén chorava também compulsivamente. Pouco depois, elementos do Instituto Nacional de Emergência Médica entraram também no relvado com o que parecia ser material de reanimação (desfibrador), mas a ideia que logo ficou é que já tinha passado imenso tempo desde o momento do incidente, isto considerando que os especialistas consideram que mais do que três ou quatro minutos de paragem cardíaca podem ser fatais e/ou deixar marcas irrecuperáveis. Também muito tempo pareceu demorar a entrada da ambulância, que chegou de marcha-atrás e teve de se debater ainda com a colocação dos painéis publicitários. Compreensivelmente, face ao arrastar da situação, o árbitro Olegário Benquerença deu por terminado o jogo em que o Benfica terá conquistado a vitória mais triste da sua história. "Foi um momento muito difícil, algo que nunca me tinha acontecido. Exibi-lhe o cartão amarelo, ele aceitou com 'fair-play', sorriu e logo despois caiu", contou o árbitro, que admitiu não ter esgotado o tempo previsto os minutos de desconto: "A minha vontade de continuar o jogo era nenhuma. Faltavam poucos instantes e não podiamos continuar aquele sofrimento. As equipas médicas fizeram um esforço brutal".Fehér foi então transportado para o Hospital Nossa Senhora da Oliveira, que fica a poucos metros do estádio. Aí, a equipa de reportagem do PÚBLICO recolheu a informação de que o estado de saúde do futebolista era de prognóstico muito reservado e que Fehér teria sofrido mais uma paragem cardíaca, estando os médicos a tentarem novamente recuperá-lo dessa situação. Nas imediações do hospital instalou-se então o caos, face à presença de centenas de curiosos. Pouco depois chegou o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira mais o director Seara Cardoso e, logo depois, a maioria dos jogadores encarnados, bem como vários do Guimarães. Algum tempo decorrido, os jogadores foram saindo, todos cabisbaixos, com os olhos cheios de lágrimas e sem quererem prestar declarações. Um dos últimos acabaria por deixar escapar a pequena frase que mais se temia: "Morte cerebral", isto antes de também chegarem ao local o secretário de estado Hermínio Loureiro e o Governador Civil de Braga, José Araújo.Não demorou muito a que fosse anunciado um comunicado oficial por parte do hospital, embora antes já o responsável pelo departamento de comunicação do Benfica tivesse confirmado o falecimento do jogador. Fausto Fernandes relevou os inúmeros médicos que participaram na tentativa de reanimação do malogrado jogador. Afirmou ainda que jogador já entrou no hospital em "paragem cardio-respiratória" o corpo permanecerá na morgue do hospital de Guimarães, onde hoje será submetido a autópsia e a exames periciais.

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