Mercado ibérico de energia vale 20 mil milhões de euros

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Durão Barroso e José Maria Aznar confessam que a relação entre os dois países nunca foi tão boa como agora João Relvas/Lusa

O Mercado Ibérico de Electricidade (Mibel) factura entre 19 e 20 mil milhões de euros por ano e implicou no ano passado um investimento de 3,5 mil milhões de euros, revelou hoje, em Lisboa, o ministro da Economia espanhol, Rodrigo Rato.

O mercado ibérico é responsável por dez por cento da produção eléctrica europeia, sendo o quarto gerador a nível europeu, disse o ministro no seu discurso após a assinatura do acordo que formalizou o Mibel.

Rodrigo Rato referiu que o Mibel, que conta com 53 milhões de consumidores, será o quinto mercado a nível europeu e que a integração dos mercados vai implicar o incremento da capacidade de transporte de electricidade em cerca de 1500 megawatts.

Segundo o ministro, a partir de 20 de Abril - data a partir da qual entram em funcionamento integrado os pólos português e espanhol da futura bolsa energética - as empresas de ambos os países "serão domésticas" e passar-se-á a falar de "empresas ibéricas de energia".

O ministro espanhol referia-se ao princípio do reconhecimento recíproco de agentes - produtores de energia eléctrica, operadores de mercado, empresas de transporte e distribuição de energia, comercializadores -, consignado no acordo, segundo o qual as empresas de um país poderão passar a actuar com igualdade de direitos e obrigações no outro país.

A entrada em funcionamento da bolsa energética permitirá ainda às empresas contratualizar energia a prazo.

Com o Mibel, a Península Ibérica poderá ter melhores empresas do sector eléctrico, afirmou por sua vez o ministro da Economia português, Carlos Tavares.

A construção do mercado ibérico de electricidade apenas estará concluída em 2006, altura em que deverá estar finalizado o aumento da capacidade de interligação de redes entre Portugal e Espanha.

Até lá Portugal tem ainda de alargar aos consumidores domésticos a possibilidade de escolha do seu fornecedor de energia eléctrica - o que será feito a partir de Julho - e eliminar, até 20 de Abril, os contratos de aquisição de energia (CAE) estabelecidos entre os produtores e Rede Eléctrica Nacional (REN).

Trata-se da maior e da mais importante transformação do sector de sempre, afirmou o ministro da Economia, Carlos Tavares.

Relações entre os dois países estão melhores do que nunca

O primeiro-ministro Durão Barroso enalteceu hoje as relações entre Portugal e Espanha, alegando que "estão a um nível como talvez nunca tenham estado desde há muitos anos".

Lisboa e Madrid devem "trabalhar construtivamente" e "sem complexos", confessou Durão Barroso, durante um almoço com o seu homólogo José Maria Aznar.

O primeiro-ministro português justifica as boas relações entre os dois Estados com os esforços dos governos para pôr "em primeiro lugar o interesse estratégico de ambos os países no âmbito europeu e global".

Numa curta intervenção repleta de elogios mútuos, que antecedeu o almoço no Palácio de Queluz, Durão Barroso expressou a José Maria - como se referiu a Aznar - o agradecimento de Portugal pela forma como o primeiro-ministro espanhol "pugnou pela confiança" entre os dois países ao longo dos seus dois mandatos (1996-2004).

José Maria Aznar confessou que durante os oito anos que esteve à frente dos destinos de Espanha passou a conhecer mais de perto a realidade portuguesa, subscrevendo as declarações de Durão Barroso sobre o bom momento das relações entre os dois Estados.

"É difícil encontrar um momento em que as relações entre Portugal e Espanha tenham sido tão intensas, tão estreitas, de tanta confiança e de tantos projectos de futuro como actualmente", disse, sublinhando que é "decisivo incentivar todos os elementos de confiança".

Apologista do desenvolvimento, em sintonia, dos dois países ibéricos, Aznar avisou que, pelo menos numa coisa, não deseja "o melhor para Portugal". "Há uma coisa em que não posso desejar o melhor para Portugal, que é o próximo campeonato europeu, quando nos defrontarmos. Nesse caso, espero que os espanhóis estejam à altura das circunstâncias", ironizou.

Durão Barroso apelou mais uma vez às empresas portuguesas para se voltarem para o mercado espanhol e tirar partido de um mercado de perto de 40 milhões de consumidores.

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