Nova biblioteca municipal abre hoje em Telheiras

Um edifício setecentista de Telheiras transforma-se hoje em centro de saber com a abertura da Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro, a 19ª da rede de bibliotecas municipais de Lisboa. Aos visitantes, o espaço labiríntico do novo equipamento pretende proporcionar uma viagem pelo conhecimento.

A organização do espaço em circuitos, como o da arte ou o da ficção, delimitados por linhas coloridas no chão, lembra à directora do Departamento de Bibliotecas e Arquivos, Ana Maria Runkel, as linhas do metropolitano. Tal como no metro, pretende-se que o visitante embarque numa viagem, escolha natural para uma biblioteca que recebeu o nome de Orlando Ribeiro, geógrafo, professor universitário e humanista.

A biblioteca municipal foi projectada por Duarte Nuno Simões e é o resultado da recuperação do antigo Solar da Nora, construção senhorial agrícola do século XVIII, situada no núcleo histórico de Telheiras.

"Quando lhe peguei era um destroço completo", comentou o arquitecto, que, no projecto de restauração, procurou "respeitar inteiramente" as características do edifício original. Ao imóvel preexistente juntou-se um edifício criado de raiz. A ligação entre as duas estruturas é feita pelo pátio original e através de uma ponte coberta.

Um espaço para toda a família

O antigo solar inclui a sala de atendimento, onde foi preservada a nora que deu nome ao edifício, e a parte principal da biblioteca, ao longo de três pisos. Nas várias salas foram criados ambientes distintos: sofás que convidam a uma leitura demorada, espaços recatados para um estudo individual, mesas para trabalhos de grupo. As secretárias, tradicionalmente reservadas às bibliotecárias, foram praticamente abolidas, para favorecer a interacção entre funcionários e visitantes.

No novo edifício situa-se a parte da biblioteca destinada à "gente pequena" e à "gente de palmo e meio". Lado a lado com os livros, foram criados recantos consagrados à brincadeira. Música, desenho e teatro são algumas das actividades que aqui podem ser desenvolvidas.

Ana Maria Runkel espera que a aposta num espaço "que convida toda a família" seja capaz de contrariar a ideia da biblioteca como "uma coisa enfadonha". No novo edifício existe ainda um auditório, com 140 lugares, preparado para receber representações teatrais, concertos de música de câmara e conferências.

Para Nuno Roque, presidente da Junta de Freguesia do Lumiar, a nova biblioteca vem colmatar "a falta de equipamentos culturais que havia em toda a freguesia". O autarca acredita que a população local está "ávida de participar em actividades culturais", pelo que a biblioteca vai ser "um equipamento muito útil".

A Associação de Residentes de Telheiras, pela voz do presidente Carlos Meira, considera que é "um equipamento muito interessante para o bairro". "É neste sentido que interessa desenvolver a zona", acrescentou, referindo-se à construção da biblioteca como um passo no sentido de contrariar a lógica de crescimento "só de betão" que tem marcado Telheiras.

A biblioteca, com entrada pela Estrada de Telheiras, vai estar aberta ao público nos dias úteis entre as 10h e as 19h30 e aos sábados das 10h30 às 13h30 e das 14h30 às 18h30.

Durante os próximos três meses, a biblioteca vai albergar a exposição "Viagens imaginárias com Orlando Ribeiro", comissariada por Alice Geirinhas e André Ruivo. Oito autores foram convidados para ilustrar diários gráficos, reinventando percursos realizados pelo geógrafo. O resultado são desenhos, textos, pinturas e colagens, acompanhados por vozes e sons das terras visitadas, destinos próximos como Idanha-a-Nova ou longínquos como Goa.

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