Nina Burdjanadze: A mulher que se proclamou Presidente Nina Burdjanadze, a mulher que ontem ficou como Presidente interino da Geórgia, depois da demissão de Chevardnadze, é uma sua antiga aliada, que dele se foi progressivamente afastando. Advogada com ensaios publicados internacionalmente, a elegante presidente do Parlamento tem 39 anos e é casada com um jurista que há dias se demitiu de Procurador-Geral adjunto. O pai, que já era uma pessoa influente nos tempos da União Soviética, dirige actualmente o monopólio do trigo na Geórgia e teria financiado a última campanha eleitoral de Chevardnadze, segundo diz a AFP. Nina Burdjanadze entrou para o Parlamento em 1995 e afirmou-se rapidamente no partido governamental, a União dos Cidadãos da Geórgia, assumindo a presidência da comissão parlamentar dos Negócios Estrangeiros. As suas palavras bem pensadas e os seus apelos à calma fizeram nestes dias de contestação ao chefe de Estado contraponto ao radicalismo do principal dirigente da oposição, Mikhail Saakashvili. Há seis meses deixou bruscamente uma reunião em que o Presidente da República criticava o Parlamento pelos atrasos na aprovação de uma lei e esse parece ter sido um ponto de viragem na sua carreira; ou o princípio do fim para Chevardnadze. No sábado, agradeceu à polícia e ao Exército o facto de não se terem erguido contra "o povo pacífico" que decidira desencadear uma "revolução de veludo", segundo o modelo da que levou ao poder em 1989, na então Checoslováquia, Vaclav Havel. Na véspera das legislativas deste mês, criou a sua própria formação política, os Democratas Burdjanadze, em colaboração com o homem a quem sucedera há dois anos na chefia do Parlamento, Zurab Jvania, insistindo na denúncia da corrupção nas altas esferas do poder. Roupa favorita: saia e casaco. |
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Burdjanadze convocou uma reunião com o Conselho de Segurança Nacional, em que participou a maioria dos ministros do Executivo georgiano.
"Temos que restabelecer a ordem em pouco tempo. Conto com a vossa ajuda para conservarmos a estabilidade no país", assegurou Burdjanadze pouco antes de ter começado a reunião, realizada na sede do Partido da Geórgia.
O Parlamento converteu-se no foco da revolta popular que terminou com a queda de Chevardnadze quando, no sábado, foi invadido por uma multidão de opositores que se apoderaram do edifício.
A Presidente interina explicou que os esforços do Governo provisório devem tratar "não apenas de conseguir a estabilidade política no país mas também económica, pois a situação é gravíssima" neste aspecto.
Nina Burdjanadze confirmou ainda que as eleições vão realizar-se num prazo de 45 dias, como estabelece a Constituição do país, após a demissão do chefe de Estado.
Os Estados Unidos e a Europa já manifestaram o seu apoio à Presidente interina, a par do pedido de eleições legislativas democráticas, de acordo com a Constituição do país.
Entretanto, desconhece-se o paradeiro de Eduard Chevardnadze. Algumas informações apontam para a possibilidade de o ex-chefe de Estado se ter refugiado na Alemanha, mas a polícia alemã já negou essa possibilidade.