Presidente da Geórgia decreta estado de emergência

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O estado de emergência pretende repor a ordem no país EPA

Com a imposição do estado de emergência, Chevardnadze pretende "restaurar a ordem" e conta, para isso, com a intervenção da polícia e dos militares. No entanto, não é certa a posição daquelas forças.

O chefe de Estado garantiu, em discurso perante cinco milhões de apoiantes, que não abandonará o país nem o cargo para o qual foi eleito. "Não abandonarei as minhas funções a não ser pela via constitucional. Não partirei, estamos todos juntos", assegurou, defendendo que "todas as questões podem ser resolvidas pela via legal".

O gabinete presidencial já denunciou a tomada do Parlamento como "uma tentativa de golpe de Estado e para derrubar o Presidente".

Por outro lado, o líder da oposição, Mikhail Saakachvili, declarou aos jornalistas que a presidente do Parlamento, Nino Burdjanadze, vai assumir interinamente a Presidência do país. Exprimindo-se no Parlamento, tomado de assalto pelos opositores do Presidente, Saakachvili afirmou que Burdjanadze vai assegurar o comando da nação até que se realizem novas eleições legislativas e presidenciais.A líder da Assembleia confirmou, dizendo que, "de acordo com a Constituição", assumirá a função de Presidente "até que se clarifique a sua [de Chevardnadze] capacidade para continuar".

Entretanto, a Rússia já comunicou que as suas tropas na Geórgia não vão intervir, considerando os acontecimentos "uma questão interna". Moscovo não deverá também ser o local escolhido para um eventual exílio de Chevardnadze, sendo mais provável uma retirada para a Alemanha, segundo a TSF.

A tensão subiu de tom na Geórgia depois da divulgação dos resultados das legislativas, anunciados mais de duas semanas depois das eleições e que deram a vitória à coligação Por Uma Nova Geórgia, apoiante de Chevarnadze.

Os partidos da oposição, que denunciam a existência de fraudes generalizadas, rejeitaram os resultados e prometeram intensificar os protestos até que Chevarnadze — há onze anos no poder — se demita.

Perante a situação de alarme crescente no país, as autoridades temem que os confrontos degenerem rapidamente numa guerra civil, mais violenta ainda do que a que abalou esta república do Cáucaso com cinco milhões de habitantes na década de 1990.