Direcção do PS põe de parte congresso extraordinário

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A direcção do PS considera que Ferro "está a ser alvo de um ataque difamatório de proporções inimagináveis" Manuel Moura/Lusa

No final da reunião, o porta-voz do PS, Vieira da Silva assegurou que nenhum dos elementos do Secretariado Nacional do partido defendeu a realização de um congresso extraordinário e que o líder Ferro Rodrigues recebeu de todos os membros da direcção "um voto de solidariedade".

Vieira da Silva considerou que o secretário-geral do PS "está a ser alvo de um ataque difamatório de proporções inimagináveis" a partir da "divulgação de conversas telefónicas privadas a conta-gotas".

Na sua declaração, o porta-voz socialista também reiterou que "nenhum dirigente do PS exerceu qualquer pressão para influenciar ou favorecer" o processo de pedofilia em que está envolvido Paulo Pedroso.

Pelo contrário, "as intervenções [dos dirigentes socialistas] foram feitas no sentido de favorecer a investigação para se conhecer toda a verdade", sustentou.

Numa referência ao acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa que tirou Paulo Pedroso da situação de prisão preventiva, fixando-lhe apenas como medida de coacção o termo de identidade e residência, Vieira da Silva observou que esse mesmo acórdão "considerou como inócuo o conteúdo das escutas telefónicas" a Ferro Rodrigues e outros dirigentes socialistas.

"Se alguém entende que o conteúdo dessas escutas representa uma forma de pressão sobre a justiça, terá de o provar. Se alguém considera que o PS tentou meter uma cunha, terá de o provar", frisou o porta-voz socialista, numa resposta indirecta a declarações proferidas anteontem pelos ex-dirigentes sociais-democratas Marcelo Rebelo de Sousa (na TVI) e Pacheco Pereira (SIC).

Em termos políticos, Vieira da Silva procurou ainda passar a mensagem de que o PS não concentrará as suas atenções apenas na polémica em torno do processo de pedofilia e das suspeitas em relação a Paulo Pedroso. "O PS não deixará de fazer o seu trabalho de partido da oposição", referiu, acrescentando que os socialistas reunirão a sua comissão política nacional na quinta-feira.

Maria de Belém defende intervenção de Sampaio no caso das escutas telefónicas

A dirigente socialista Maria de Belém defendeu, durante a reunião do secretariado nacional do partido, a intervenção urgente do Presidente da República na sequência da divulgação pública das escutas realizadas a Ferro Rodrigues.

De acordo com um elemento do Secretariado Nacional socialista, a ex-ministra da Saúde referiu aos restantes colegas de direcção que a divulgação das escutas a Ferro Rodrigues, mas também ao líder parlamentar socialista, António Costa, constituiu um crime público.

Como tal, segundo Maria de Belém, após a divulgação das escutas, realizadas no dia em que Paulo Pedroso foi detido (a 21 de Maio), o Ministério Público, automaticamente, deveria ter instaurado uma investigação por violação do segredo de justiça.

Ainda na reunião, José Sócrates alertou para a necessidade de a cúpula partidária se esforçar por dar agora uma explicação pormenorizada sobre o que está a acontecer desde a libertação de Paulo Pedroso.