Lech Walesa: Nobel da Paz para Shirin Ebadi é um "grande erro"

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Walesa está indignado pelo facto de o Nobel não ter sido atribuído ao Papa João Paulo II Maurizio Brambatti/ANSA

"É incrível, é inverosímil", exclamou, visivelmente irritado, em declarações à televisão TVN 24. O antigo Presidente polaco, que partilha com o Papa a nacionalidade e a religião, classificou como um "grande erro, um erro infeliz" a atribuição do galardão à iraniana.

Conhecido pelos seus laços de proximidade com o Papa - que apoiou o primeiro sindicato livre criado em 1980 na Polónia - o fervoroso católico lamentou hoje que o Nobel não tenha sido atribuído ao seu conterrâneo Karol Wojtyla.

"Nada tenho contra essa senhora, mas se há alguém entre os vivos neste mundo que merece esta distinção é certamente o Santo Padre", argumentou Walesa, aludindo à débil saúde do Sumo Pontífice.

O polaco referiu mesmo que vai tentar saber pelos seus "próprios contactos o que pesou para tal decisão".

Também no Irão as reacções não se pautam pela positiva, ignorando a atribuição do galardão. Até agora, nem a televisão nem a rádio e tão-pouco a agência oficial Irna noticiaram o prémio. Contudo, a agência estudantil Isna deu conta do Nobel atribuído à iraniana.

Por seu turno, a deputada Sharbanou Amani, uma das 13 parlamentares iranianas, reformista, manifestou esperança de que a atribuição do Nobel à sua compatritota possa convencer os adversários iranianos a rever as suas posições.

"Se a atmosfera política fosse mais liberal do que hoje é, veríamos mais iranianos a receber distinções igualmente prestigiantes".

O deputado reformador Ali Tajernia disse à AFP que está "muito feliz por pela primeira vez uma iraniana, advogada e intelectual, ter recebido um prémio tão prestigiante" para o Irão.

Já a comunidade católica de Santo Egídio saudou Shirin Ebadi pelo prémio, que considerou ser "uma surpresa" e uma "grande oportunidade". A comunidade nota que "os media esperavam o nome do Papa João Paulo II", mas considera que Shirin Ebadi é uma "grande escolha que nos ajuda a concentrar sobre a grande oportunidade da democracia e dos direitos do homem".

Bastonário da Ordem dos Advogados congratula-se com a atribuição do Nobel a Ebadi

Em Portugal, o bastonário da Ordem dos Advogados, José Miguel Júdice, congratulou-se com a atribuição do prémio a uma magistrada. A distinção da jurista iraniana Shirin Ebadi mostra que as profissões de juiz e advogado "estão na primeira linha na luta pelos direitos humanos", disse Júdice.

Júdice descreveu Ebadi como "alguém que tem lutado pelos mais desprotegidos entre os desprotegidos, que são, vezes de mais as crianças".

O bastonário dos advogados considera que a carga simbólica do prémio é maior por se tratar de "uma mulher integrada culturalmente numa civilização que nem sempre deu à mulher os direitos fundamentais".