MIPCOM abre hoje a pensar na recuperação do mercado audiovisual
"O mercado dos 'media' começa a reanimar-se muito ligeiramente", disse à AFP Paul Johnson, director do departamento de televisão da empresa Reed Midem, que organiza o certame. A progressiva retoma do mercado publicitário facilita as vendas de programas e o financiamento das produções, explica o mesmo responsável.
O MIPCOM, um dos principais mercados internacionais do género, tem inscritos quase 10.300 participantes de 88 países, entre expositores (5126), participantes sem pavilhão (4949) e jornalistas (319). São esperados 2724 compradores de programas e há 1187 empresas com pavilhões na exposição.
Além dos pavilhões das empresas presentes, o MIPCOM oferece também um ciclo de conferências relativas à experiência e tendências no sector. Desta vez, a abrir há um painel onde responsáveis de televisões e produtoras falarão das estratégias de adaptação dos canais de televisão ao contexto de crise de mercado que se tem vivido nos últimos anos.
Mas a ênfase do programa é nas questões ligadas à televisão de alta definição (conhecida pela sigla em inglês "HDTV"), com um frente a frente entre um responsável da japonesa NHK (pioneira em alta definição) e um americano da Discovery US Networks, e uma conferência intitulada "HDTV: What Are You Waiting For?" ("Alta Definição: De que é que está à espera?"), onde um painel de oradores se debruçará sobre os géneros de programas melhor adaptados à alta definição, custos e receitas, oportunidades de co-produção e questões sobre a produção ao vivo.
Portugueses querem comprar e venderA participação portuguesa no certame inclui as três estações de televisão (RTP, SIC e TVI) e várias empresas produtoras, como a NBP International, a Lusomundo Audiovisuais ou a Herman Zap Produções. Além do seu portfolio habitual de telenovelas, a NBP International apresenta-se com dois novos programas para vender, as séries Morangos com Açúcar (a passar antes do Jornal da Noite da TVI) e Olá Pai!, a estrear brevemente, também no canal de José Eduardo Moniz.
Do lado das televisões, este é um mercado de rotina. Estão sempre presentes para adiantar ou fechar negociações em curso, e para lançar novos contactos.
A RTP tem em vista fechar negócio com duas "majors" americanas, para adquirir outros tantos pacotes de cinema, telefilmes e séries, conta Nuno Santos, sub-director de programas da empresa. "Este ano trago uma preocupação especial com programação documental", acrescenta, dizendo que procura algo ao nível da série O Homem das Cavernas, produzida pelo BBC, e que tem passado na estação pública nacional.
Mas um mercado como este serve sobretudo também para "procurar ideias e formatos", diz Manuel Fonseca, director de programas da SIC. Além dos produtos acabados (como séries, filmes e documentários), a "produção nacional tem um papel importante que se alimenta também de formatos internacionais", explica.
É assim que surgem em Portugal programas de entretenimento como a Operação Triunfo ou o Big Brother. "Admito poder encontrar aqui o sucessor da Operação Triunfo", diz ainda Nuno Santos.