Cronologia dos principais "apagões" registados na América do Norte

1965 (9-10 Novembro)

“O Grande ‘Apagão’”, a primeira falha de escala regional, deixa às escuras Nova Iorque, New Jersey, Pensilvânia, New England e parte do Ontário, no Canadá, deixando sem electricidade perto de 30 milhões de pessoas durante 13 horas.

Causa: falha na linha de alta-voltagem da central de Niagara, em Nova Iorque, que afectou toda a rede do Nordeste.

1977 (13-14 Agosto)

Uma falha na rede eléctrica lança a escuridão sobre Nova Iorque. O caos instala-se na cidade, com pilhagens em larga escala que resultaram em prejuízos de vários milhões de dólares.

1996 (10 de Agosto)

Falha na rede de alta-voltagem na fronteira entre os estados da Califórnia e do Oregon num dos dias mais quentes do ano. Impede o fornecimento de electricidade a cerca de 15 milhões de pessoas em sete estados da costa Oeste dos Estados Unidos.

1998 (Janeiro)

Uma tempestade varre Ontário e Quebeque, no Canadá, parte de Nova Iorque e New England, nos EUA, provocando um corte de energia. Cerca de três milhões de pessoas foram afectadas.

2001

Uma série de “apagões” na Califórnia é provocada voluntariamente para impedir o colapso da rede, no pico da crise energética daquele estado norte-americano.

Fonte: Reuters




"Apagão" nos EUA e Canadá afecta 50 milhões de pessoas

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As autoridades não chegaram a consenso em relação à causas, apesar de afastarem a hipótese de sabotagem e terrorismo Mitch Jacobson/EPA

O maior “apagão” da história da América do Norte deixou esta noite às escuras Nova Iorque e outras grandes cidades dos EUA e do Canadá, numa área de 9300 quilómetros quadrados, afectando perto de 50 milhões de pessoas.

As autoridades norte-americanas já eliminaram a hipótese de se ter tratado de um acto de sabotagem ou terrorista, mas ainda não há consenso em relação às causas do "apagão", que teve início às 16h00 de ontem (21h00 em Lisboa). “Apenas posso afirmar com toda a certeza que não se trata de um acto terrorista”, declarou o Presidente dos EUA, George W. Bush.

Para além de Nova Iorque, o "apagão" desta noite deixou às escuras cidades como Detroit e Cleveland, nos EUA, e Toronto e Otava, no Canadá.

Em Nova Iorque o "apagão" deixou encurraladas no metropolitano milhares de pessoas e obrigou milhões a sair dos seus locais de trabalho, onde encontraram temperaturas superiores a 33 graus centígrados. Os três principais aeroportos da cidade estiveram temporariamente encerrados.

O medo de um atentado terrorista instalou-se. “As pessoas ficaram transtornadas”, contou à agência Reuters a enfermeira Mary Horan, que ficara retida numa estação de metro. “De repente, começámos a pensar no 11 de Setembro”.

Apesar de não haver registo de pilhagens em Nova Iorque e em outras cidades dos EUA, em Otava, capital do Canadá, a escuridão levou às ruas criminosos e vândalos. “Há pilhagens em larga escala”, revelou o chefe da polícia Vince Bevan, dando conta da ocorrência de arrombamentos, janelas partidas e roubos.

Não há consenso em relação às causas

Para o gabinete do primeiro-ministro canadiano, Jean Chretien, o "apagão" foi causado por uma falha numa central nuclear do estado norte-americano da Pensilvânia.

Antes desta declaração, as autoridades dos EUA e do Canadá tinham avançado como provável causa a queda de um raio numa central eléctrica perto das cataratas do Niagara, no estado de Nova Iorque.

Por seu lado, os técnicos apontam para uma falha na transmissão de alta-voltagem entre os EUA e o Canadá, a maior de sempre na rede eléctrica da América do Norte. Segundo as autoridades norte-americanas, nove ractores nucleares em quatro estados dos EUA foram afectados.

Governado de Nova Iorque declara estado de emergência

O governador de Nova Iorque, George Pataki, declarou o estado de emergência no estado. Segundo a sua estimativa, cerca de metade dos 19 milhões de habitantes da cidade foram afectados. No Canadá, as autoridades dizem que cerca de dez milhões de pessoas foram afectadas pelo "apagão".

Vulnerabilidade do sistema eléctrico da América do Norte ficou patente

Há muito que os responsáveis pela rede eléctrica da América do Norte - que teve o seu último grande desenvolvimento a seguir à Segunda Guerra Mundial - vinham a alertar para as suas falhas.

“Somos uma super-potência com uma rede eléctrica do Terceiro Mundo. Precisamos de uma nova rede”, afirmou o governador do estado do Novo México e antigo secretário de Estado da Energia, Bill Richardson, em declarações à CNN.

Segundo o Instituto de Investigação de Energia Eléctrica, em Palo Alto, Califórnia, a necessidade de energia dos EUA na última década cresceu em cerca de 30 por cento, enquanto que a sua capacidade aumentou apenas metade desse valor.

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