Catalina Pestana diz que continuam a surgir relatos de abusos sexuais

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A provedora diz que houve quem abusasse sexualmente de crianças da instituição durante três gerações David Clifford/PÚBLICO

A provedora da Casa Pia de Lisboa, Catalina Pestana, revela que continuam a surgir relatos de crianças da instituição sobre abusos sexuais, alguns dos quais relacionados com os arguidos do processo de pedofilia que a justiça já tem em mãos. A provedora da instituição reitera que os alunos da Casa Pia são vítimas e que "têm de ser protegidos".

"Continua a haver novos relatos de crianças abusadas. Há mesmo pessoas que estão a falar pela primeira vez agora, porque falar disso é muito difícil, ao contrário do que parece", disse Catalina Pestana em entrevista à Agência Lusa.

A provedora diz que há "tendência para continuar a aumentar lentamente" o número de crianças da Casa Pia que confessam terem sido vítimas de abuso sexual, tanto no seio da família como na Casa Pia, por alunos mais velhos, ou até mesmo por pessoas implicadas no processo de pedofilia que a justiça têm em mãos.

"À medida que se vão sentindo mais seguros, há mais miúdos a falar e mais jovens adultos a falar", explicou a provedora, admitindo que tal se possa dever à prisão preventiva de Carlos Silvino da Silva ["Bibi"] e de outros arguidos. "Já perceberam que não lhes acontece nada se contarem estas histórias", justifica.

A provedora diz mesmo que os relatos permitem concluir que houve quem abusasse sexualmente de crianças da instituição durante três gerações, elencando os exemplos de antigos alunos como Adelino Granja e Pedro Namora, de "miúdos de uma geração abaixo, miúdos mais recentes, que já não são alunos e que saíram depois de terem uma vida muito perturbada em termos de comportamentos aqui dentro".

Catalina Pestana comenta que este processo "não é uma questão de fé, é uma questão de prova" e garante que restam ainda casos de crianças "sobre os quais os técnicos têm a certeza de que houve abusos e ainda não conseguiram que falassem".

A provedora precisa que uma criança nessa situação fica automaticamente sujeita a "particular atenção, porque pode entrar em depressão, porque pode entrar em agressividade", exemplificou. A responsável está, contudo, ciente de que "alguns nunca falarão".

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