Enfermeiros de todo o país fazem greve em Setembro
O SE explica em comunicado, recebido pelo PUBLICO.PT, que pretende que o Governo retome o diploma da exclusividade comparticipada com 40 por cento do vencimento para os enfermeiros, que lhes foi negada em 1989, pela então ministra da Saúde, Leonor Beleza.
Apesar do presidente do SE defender que os benefícios do regime de exclusividade e do horário acrescido, dos quais actualmente só os médicos beneficiam, não se justificarem, José Azevedo realça que, já que aqueles existem, devem existir para todos.
"A greve dos médicos a que assistimos por causa das horas extraordinárias é uma das mais injustas. É apenas uma habilidade para aumentar os honorários dos médicos", denuncia o sindicalista.
Acusando os médicos de "receberem 40 por cento do vencimento para uma exclusividade que não cumprem e que nem ninguém controla" e de
"receberem 40 por cento do vencimento por horário acrescido, que não fazem e que corresponde a 42 horas ou cinco turnos de oito horas", o SE diz-se indignado e acusa os médicos de gerarem "anarquia para manter os seus benefícios e interesses instalados".
O sindicato denuncia ainda que os custos com as horas extraordinárias nos três maiores hospitais do país "ascenderam a 78 milhões de euros em 2000".
Citando os dados do Departamento de Gestão Financeira do Ministério da Saúde relativos ao ano 2000, o SE compara a situação laboral de médicos e enfermeiros. Enquanto que para um total de 7698 médicos a trabalharem nos hospitais centrais as horas extraordinárias custaram 78,2 milhões de euros, para os 11.936 enfermeiros a laborarem nas mesmas unidades, foram pagas horas extra no valor de apenas dez milhões de euros.
Se se considerar todo o Serviço Nacional de Saúde, os 22.191 médicos receberam 208 milhões de euros por horas extraordinárias, enquanto os 34.041 enfermeiros se ficaram, de novo, pelos dez milhões de euros.
Por estes motivos, o SE alerta para a possibilidade de uma paralisação nacional em Setembro. "Estão reunidas as condições para se fazer uma greve como a de 76, quando esteve para ser decretado o estado de emergência em Portugal", avisou José Azevedo, esperando uma adesão de 27 mil enfermeiros à paralisação.