Morreu o realizador John Schlessinger

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O realizador morreu num hospital na Calífórnia DR

O realizador de "O Cowboy da Meia-Noite" e "O Homem da Maratona", John Schlesinger, morreu ontem num hospital da Califórnia, aos 77 anos. Tido como um inovador, quer pelo desassombro com que filmava quer pelos verdadeiros tabús que ilustrou, o britânico faleceu depois de mais de dois anos de dependência de um sistema de apoio vital.

O realizador sofreu um acidente vascular-cerebral depois de uma cirurgia cardíaca quando filmava o "flop" "Ligações Imprevistas", com Madonna e Rupert Everett, sobre um casal invulgar formado pela cantora e pelo seu melhor amigo, homossexual. John Schlesinger, um homossexual assumido, teve um forte papel na emergência do cinema voltado para o mundo "gay", atribui ainda a Reuters.

O problema de saúde obrigou a um apoio clínico permanente ao realizador, que morreu ontem em Palm Springs depois de ter sido tomada a decisão de desligar o sistema que o mantinha vivo.

Foi com "O Cowboy da Meia-Noite" que John Schlesinger atingiu a consagração no cinema americano, conquistando a estatueta do Óscar de Melhor Filme e lançando um nome agora intransponível de Hollywood, Dustin Hoffman. O filme continua a ser a única obra classificada para adultos a ter recebido a distinção de Melhor Filme pela Academia.

Dustin Hoffman lamentou o desaparecimento do realizador: "Shakespeare disse-o melhor em «Hamlet» - "Nunca voltaremos a ver um como ele".

Nascido em 1926, passou a porta de entrada no mundo do celulóide como actor. Os filmes caseiros ocupavam-no desde os onze anos de idade e foi com "O Cowboy da Meia-Noite", em 1969, que fez a sua estreia em Hollywood. A história de uma amizade entre um antigo recluso, sem-abrigo, e um cowboy galante na cidade de Nova Iorque junta Dustin Hoffman e Jon Voight num filme que ofereceu ainda um Óscar de Melhor Realizador a Schlesinger, que classificou mais tarde o seu filme como "um sucesso extraordinário e inacreditável".

Depois veio "Domingo Maldito"("Sunday Bloody Sunday"), que colocava a tónica na bissexualidade de um homem, complicada pelo seu amante homossexual e pela sua amante, que ficou para a história do cinema como um dos primeiros filmes a mostrar beijos entre pessoas do mesmo sexo. Assumidamente autobiográfico, o filme foi novamente integrado na corrida aos prémios da Academia.

Outros nomes que rodearam a vida e os filmes de John Schlesinger foram Julie Christie, Tom Courtenay, Alan Bates e Vanessa Redgrave. Julie Christie despediu-se do realizador britânico caracterizando-o como um homem "adorável, engraçado, generoso e pernicioso que quebrou tabús sob a forma de bonitos filmes".

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