Elisa Ferreira devolve acusações do secretário de Estado do Ambiente

Elisa Ferreira, actual deputada do PS e ex-ministra do Planeamento, garantiu ontem ao PÚBLICO que o secretário de Estado do Ambiente, José Eduardo Martins, "deve estar confundido" com as acusações que lhe dirigiu anteontem , á margem da cerimónia de inauguração das V Jornadas do Ambiente, promovidas pela câmara de Barcelos e Quercus de Braga. José Eduardo Martins acusou Elisa Ferreira e o governo socialista de terem bloqueado, durante um ano, 400 milhões de euros de fundos comunitários para investir no sector da água, mas a deputada diz não saber a que assunto se refere o secretário de Estado."Não é a primeira vez. O senhor secretário de Estado se quer ter alguma credibilidade no que diz tem que apontar em rigor quando e onde é que isso aconteceu", disse a actual deputada socialista, que não perdeu a oportunidade para acusar o actual governo de estar a perder fundos comunitários, porque "não tem ninguém que acompanhe a distribuição de fundos em Bruxelas". Elisa Ferreira vai mais longe e acusa o executivo de Durão Barroso de fazer com que o país esteja a ser vítima de uma descida substancial de fundos porque "ao primeiro problema administrativo que Bruxelas levanta, o Governo fica enquistado e não há ninguém que saiba resolver a situação". E aponta como problema fundamental a falta de coordenação do planeamento das candidaturas: "Não há ninguém a fazer a monitorização dos projectos a apresentar em Bruxelas. Depois perde-se dinheiro", assegura.E como prova, a ex-ministra recorda que em 2000 o governo do PS conseguiu aprovar projectos do Fundo de Coesão para um investimento de 829,7 milhões de euros para investimentos nos sectores do Ambiente e dos Transportes. Em 2002, já com o governo social-democrata, Portugal apenas teve aprovados 153 milhões de euros: "A diferença está em algum lado", conclui Elisa Ferreira.Sobre o alegado bloqueio de verbas do Fundo de Coesão para os sector da água e saneamento, por alegadas decisões administrativas e legislativas do governo socialista que teriam impedido o país de receber 400 milhões de euros, Elisa Ferreira é taxativa. "A prova de que isso não é verdade, é que quando fui ministra do Ambiente esgotei completamente o Fundo de Coesão [50 por cento em transportes e 50 por cento em ambiente]. São os inúmeros investimentos como as Águas do Cávado, que serve 9 concelhos do norte; as Águas do Douro e Paiva, que abastecem ao Grande Porto; a construção de estações de tratamento que contribuíram para a despoluição da Bacia do Douro e a 2ª fase do Ave; os financiamentos a muitos municípios para tratar efluentes domésticos; o sistema de despoluição da ria de Aveiro e da Bacia do Liz; o reforço das obras da EPAL, em Lisboa; a estação de tratamento de Chelas; a despoluição da Costa do Estoril; o sistema da abastecimento de água do Algarve e muitos outros, para não referir no aproveitamento energético".Elisa Ferreira explicou também que não fez qualquer alteração legislativa enquanto ministra do Ambiente e que até utilizou a legislação que vinha do governo anterior (PSD), principalmente para a construção dos sistemas multimunicipais como, por exemplo, as Águas do Cávado ou do Douro e Paiva. "Se houve constrangimento administrativo, provavelmente foi com as novas políticas de relacionamento com Bruxelas", conclui.Frases"Não é a primeira vez. O senhor secretário de Estado se quer ter alguma credibilidade no que diz tem que apontar em rigor quando e onde é que isso aconteceu" "Ao primeiro problema administrativo que Bruxelas levanta, o Governo fica enquistado e não há ninguém que saiba resolver a situação"Elisa FerreiraEx-ministra do Planeamento

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