Há vários locais para deitar os olhos ao céu


A passagem do planeta Mercúrio em frente do Sol será visível a partir da Europa, África e Ásia. Em Portugal, estão programadas sessões de observação em vários locais. Além da observação simples, no decorrer destas sessões serão executados desenhos em que os observadores anotarão não só as sucessivas posições de Mercúrio mas também as diversas manchas solares cujas posições e aspectos se manterão praticamente inalteráveis durante todo o período em que decorre o fenómeno.

Em Lisboa, o Museu de Ciência da Universidade de Lisboa (Rua da escola Politécnica, 58) abrirá às 07h00 o acesso ao observatório astronómico. A partir de um magnífico terraço sobre a cidade, o acontecimento será acompanhado com diversos instrumentos e técnicas de observação do Sol. Informações disponíveis através do telefone 213 921 808.

O Centro de Astrofísica da Universidade do Porto e o Centro Multimeios de Espinho disponibilizam também meios para a observação deste acontecimento astronómico, com a ajuda de telescópios e outros dispositivos, a partir das 09h30. Simultaneamente, haverá uma transmissão "on-line", a partir de câmaras instaladas em telescópios, através dos endereços http://www.astro.up.pt/novidades/indice.html e http://webcam.multimeios.pt/ .

Embora o trânsito de Mercúrio não seja um momento de grande investigação científica - é mais um acontecimento curioso e uma oportunidade para promover o fascínio do estudo do espaço e da observação dos astros -, as agências espaciais internacionais dedicam-lhe bastante atenção, como forma de divulgação da ciência. Um bom sítio para começar e ver a transmissão de imagens do fenómeno através da Internet é o "site" do observatório solar SoHo, no endereço http://sohowww.nascom.nasa.gov/ .




Mercúrio vai passear em frente ao sol

Foto
Mercúrio passa hoje frente ao sol e o fenómeno é visível em toda a Europa DR

Mercúrio vai passar em frente ao Sol hoje de manhã, a partir das 07h00. Não será exactamente um eclipse: não se avista o planeta mas sim um ponto escuro correspondente à porção do disco solar que ele oculta. É um fenómeno designado por trânsito e esta vai ser a primeira vez que acontece neste século.

Como os observadores se situam (geralmente) sobre a Terra, um trânsito só pode ser provocado pelos planetas chamados "inferiores" (aqueles que têm órbitas interiores à da Terra) ou seja, Mercúrio e Vénus. Registam-se cerca de 12 trânsitos de Mercúrio por século mas, como a órbita de Vénus a é consideravelmente mais ampla que a de Mercúrio, os trânsitos de Vénus são ainda mais raros, ocorrendo dois com intervalos próximos de oito anos seguidos de um outro só ao fim de mais de 100 anos! Assim, o próximo trânsito de Vénus ocorrerá no ano vem, o seguinte verificar-se-á em 2012, e fenómeno só se voltará a repetir em Dezembro de 2117!

Porque Mercúrio é muito pequeno (possui um diâmetro ligeiramente inferior a 5 mil quilómetros), a sua passagem na frente do Sol será assinalada apenas por ponto escuro de pequenas dimensões, só perceptível com telescópios - embora esteja ao alcance dos mais modestos.

Naturalmente, porque os telescópios terão de ser apontados ao Sol, é indispensável protegê-los com filtros especiais ou utilizar o método de projecção a fim de evitar danos irreversíveis nos olhos de quem espreitar directamente, e até, eventualmente, dos equipamentos. Existem indicações úteis em http://www.eso.org/outreach/eduoff e em http://www.cienciaviva.pt .

O primeiro trânsito de Mercúrio do século XXI começará quando, em Portugal, o Sol estiver ainda abaixo do horizonte, esta manhã. Às 07h00 já se verá o referido ponto escuro no bordo superior do disco solar, progredindo depois para a direita e ligeiramente para baixo. Se o trânsito se verificasse exactamente segundo o diâmetro do Sol, o fenómeno demoraria perto de nove horas. No entanto, porque a passagem se faz consideravelmente acima, o trânsito terminará um pouco antes do meio-dia.

O acontecimento, que para a maioria dos observadores constituirá apenas uma curiosidade, envolve ainda o interesse de determinar rigorosamente os momentos em que o planeta toca o disco solar, quando todo o seu diâmetro fica sobre o disco (imersão ou ingresso) e quando - algumas horas depois - os acontecimentos ocorrem, então por ordem inversa, o que tecnicamente se designa por emersão ou egresso.

Sugerir correcção
Comentar