Sem ponto de vista nem objectivos

A novela de Stanislav Lem parece dar pano para as mais diferentes mangas, entre a metafísica extática do "clássico" de Andrei Tarkovski e esta versão, mais aventurosa e romântica, entregue à estranhíssima versatilidade de Steven Soderbergh: depois do arriscado "Full Frontal", este "Solaris" soa a auto complacência e a cumprimento de encomenda.

Apesar do carisma de George Clooney (toda a gente pareceu fascinada com a exibição do traseiro, a ponto de se discutir se teria sido usado um duplo), apesar da fotogenia de Natasha McElhone, esta versão teatral e monocórdica perde-se na monotonia e na facilidade. Nem na "mise-en-scène", muito pouco imaginativa, se sente qualquer imagem de marca. Em resumo, trata-se de um exercício de emulação de "2001", ou da sua enésima abstracção, longo arrastado, perdido, sem ponto de vista nem objectivos claros.

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