Gigantes petrolíferos encerram instalações na Nigéria
Um correspondente da agência Reuters viu um helicóptero aterrar na cidade de Warri, que levava o primeiro grupo de trabalhadores. Estes, companhados por soldados, deixavam a região onde estão as mais importantes instalações da companhia petrolífera francesa. Fugiram amedrontados pelos combates entre dois grupos étnicos da zona, os ijaw e os itsekiri, que lutam pela distribuição da riqueza do petróleo.
As outras duas companhias petrolíferas estrangeiras presentes na zona, a ChevronTexaco e a RoyalDutch Shell, tinham já feito o mesmo às suas instalações.
Nos últimos dias, os ijaw deram conta de 65 mortos entre as suas forças enquanto os itsekiris falaram de pelo menos 45 mortos do seu lado. O exército, que entretanto foi chamado a intervir, terá sofrido 10 baixas.
O delta do Níger é o local que produz mais petróleo do país - e a Nigéria é o maior produtor africano e o décimo produtor mundial- com mais de dois milhões de barris por dia. Segundo as contas da Shell e da ChevronTexaco, a paralisação das suas operações na zona causa prejuízos de 315.000 barris por dia.
Entretanto, um líder da tribo ijaw afirmou que os seus homens controlam 11 instalações petrolíferas das três companhias. A informação não foi confirmada pelas empresas, que retiraram já os seus empregados do local, mas o grupo étnico rival, os itsekiris, confirmou a informação à Associated Press. Por confirmar ficou, no entanto, a notícia de que os activistas teriam incendiado um depósito de petróleo.
Os ijaw pedem ao exército para que pare os "raides" diários contra as suas aldeias e dizem que não entregarão as armas enquanto a divisão dos distritos eleitorais não for mudada, uma exigência que querem ver cumprida antes das eleições, que se realizam já em Abril. Os ijaw são o maior grupo étnico na região - serão cerca de oito milhões - acusam o Presidente Olusegun Obasanjo de ter sido conivente com a minoria itsekiri, desenhando os distritos eleitorais para lhes ser mais vantajosos. Um líder dos ijaw, Dan Ekpebide, afirmou que se as suas reivindicações não forem aceites, "explodimos os oleodutos e atrasamos a Nigéria 20 anos".
O aumento da violência na região tem causado preocupações também devido à proximidade da data das eleições, marcadas para Abril - com a grande quantidade de deslocados pelos confrontos, dificilmente m escrutínio poderá decorrer com normalidade.