"Quem manda na selecção sou eu", avisa Scolari

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Scolari foi claro: "Quem quiser jogar, joga, quem não quiser... a porta está sempre aberta!" Kevork Djansezian/AP

O seleccionador nacional de futebol Luiz Felipe Scolari reafirmou hoje a sua disposição de não ceder a qualquer tipo de pressão deixando bem claro ser ele a "mandar" na sua selecção, comentando a polémica em torno de Deco.

No dia em que visitou o centro de estágio do FC Porto, Scolari admitiu convocar o brasileiro Deco, recentemente naturalizado português, e deixou um recado aos inconformados: "Quem quiser jogar, joga, quem não quiser... a porta está sempre aberta!".

Depois de Rui Costa e Luís Figo terem mostrado algum desagrado com a provável integração do maestro dos azuis-e-brancos na selecção nacional, Scolari reagiu às declarações dos dois internacionais portugueses, afirmando claramente ser ele a "mandar" na equipa das quinas.

"Mais uma vez vou deixar um recado à minha selecção: quem não quiser vir, seja homem suficiente para dizer não. Eu funcionarei assim até ao fim", afirmou. "Se eu, por acaso, escolher o Deco e houver alguém que entenda de forma diferente da minha visão, tem a possibilidade de não comparecer. Tem a possibilidade de dizer que não quer jogar, pois ninguém coloca um revólver à cabeça de ninguém", defendeu Scolari.

Deixando no ar a possibilidade de convocar o luso-brasileiro Deco, Luiz Felipe Scolari não fugiu às questões dos jornalistas e enalteceu as qualidades do recém naturalizado português.

"Todos os jogadores de qualidade são importantes para a selecção e o Deco é um jogador de qualidade. Isso é bom para a selecção", disse Scolari.

"Não vim para Portugal fazer o pior. Vim para cá para tentar fazer o melhor e o que for melhor para Portugal é também o melhor para mim", acrescentou.

O seleccionador nacional foi ainda mais longe no caso Deco e explicou que, visto o brasileiro já ser um cidadão português, terá de ter os mesmos direitos e deveres que os restantes cidadãos.

"Sendo um cidadão português, tem todas as condições, todos os direitos e deveres que os outros atletas têm. Se achar interessante, devo chamá-lo", explicou.

Depois da não convocação do avançado brasileiro Romário para o Mundial2002, Luiz Felipe Scolari mantém as suas convicções e ideias.

"Quem manda na escolha da Selecção sou eu. Se achar que devo convocar um jogador da III Divisão, ou um jogador de 17 anos ou ainda outro de 45, vou fazê-lo", acrescentou Scolari.

O técnico brasileiro admite não temer a pressão quanto à convocatória do médio das Antas e deixou o caminho livre a Gilberto Madaíl quanto ao seu futuro na liderança na selecção portuguesa.

"No dia em que eu não estiver a cumprir com o exigido, o presidente tem a prerrogativa de me abrir a porta", afirmou.

Sobre a ausência de altos dirigentes azuis-e-brancos na visita do seleccionador ao Centro de Estágio Porto/Gaia, Scolari não quis alimentar polémicas, afirmando "compreender" a situação.

"Estão a preparar o encontro da Taça UEFA. Eu apenas quis ver o que se nos reserva para a preparação dos jogos com o Brasil e Macedónia. No futuro haverá outras oportunidades e conversaremos de outra forma", disse Scolari, antecipando uma futura troca de ideias com o técnico dos dragões José Mourinho.

"Gostei muito do que vi e da forma como tudo se processa no centro de estágio. Oferece condições tranquilas para uma equipa trabalhar", concluiu.

«Scolari tem toda a razão, quem está mal, muda-se»

Luís Figo chegou esta hoje a Lisboa para participar num evento extra-futebolístico. À chegada, o jogador do Real Madrid comentou as declarações feitas por Scolari, que deixou claro não estar disposto a ceder a pressões quanto às convocatórias, afirmando que quem não concordar com a chamada de Deco pode ficar voluntariamente de fora.

Figo começou por dizer que não tinha opinião sobre o assunto mas, depois de alguma insistência, comentou as declarações do seleccionador nacional. «Acho que tem toda a razão. Quem está mal, muda-se», disse, em declarações à chegada. «A vida é feita deste tipo de situações".

As críticas de Figo aparecem no contexto da polémica naturalização do brasileiro Deco. Tal como Figo, já muitas outras personalidades, entre jogadores, dirigentes e adeptos, se pronunciaram sobre o assunto. No entanto, por serem de quem são, foram as declarações de Figo e de Rui Costa as que causaram maior impacto.

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