"A morte de Craveirinha é uma luz que se apaga", afirma José Jorge Letria

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O poeta morreu esta madrugada aos 80 anos DR

Após a notícia da morte do poeta José Craveirinha, foram vários os amigos que lamentaram o desaparecimento do expoente máximo da literatura moçambicana.

O presidente da Associação Portuguesa de Escritores (APE), José Manuel Mendes, afirmou, em declarações à Lusa, que a morte de José Craveirinha constitui "um desaparecimento físico de uma personalidade rara, de um poeta, cronista e narrador de grande relevância no contexto das literaturas em português".

O editor do poeta em Portugal, Zeferino Coelho, considera que "a notícia da sua morte não é exactamente uma surpresa, porque ele estava muito mal, mas é uma pena profunda, porque era um poeta único, com uma forma particular de ver o mundo". Depois de "Hamina e Outros Contos", "Obra Poética I" e "Maria", Zeferino Coelho espera publicar ainda este ano "Obra Poética II", bem como um diário inédito, escrito na prisão de Lourenço Marques.

Mia Couto e Eduardo White, escritores moçambicanos, lamentaram profundamente a morte de José Craveirinha: "Foi um parceiro de muitas batalhas e de muitas campanhas", declarou à Lusa Mia Couto, em relação àquele que considera ser "um amigo íntimo, um mestre e um amigo, na poesia e na vida". Eduardo White definiu o poeta como alguém que "não perdoava aos seus inimigos, mas amava até à exaustão os seus amigos".

"Estamos de luto duplamente. Perdemos em menos de seis meses dois dos maiores nomes da nossa literatura: primeiro a Noémia de Sousa e agora o José Craveirinha", realçou Armando Artur, presidente da Associação de Escritores Moçambicanos (AEM).

Xanana Gusmão demonstrou igualmente o "profundo pesar" pela morte do "irmão e poeta" José Craveirinha. Para além do chefe de Estado timorense, também o primeiro-ministro do mesmo país, Mari Alkatiri, lamentou a morte do poeta que considerou ser "uma pessoa muito sensível em questões de autodeterminação e independência e sensível como poeta em questões humanas".

Em Portugal, José Jorge Letria descreveu a morte de José Craveirinha como "uma luz que se apaga". É também a perda de uma "grande voz poética das literaturas africanas de língua portuguesa", acrescentou o escritor e ex-jornalista. José Saramago lamentou a "triste rotina de ver desaparecer os grandes vultos da cultura portuguesa". Segundo o Nobel português, trata-se de "um golpe bastante duro, não só porque se trata de um grande poeta da nossa língua, mas também pelo facto de sermos amigos". O ensaísta Eduardo Lourenço recorda Craveirinha como "um grande contador de histórias e um actor de si mesmo".

José Craveirinha, 80 anos, faleceu na madrugada de hoje, em Joanesburgo, em consequência de um colapso renal e problemas respiratórios.

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