Socialistas exigem currículos dos gestores dos hospitais-empresa

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O próprio ministro da Saúde já admitiu a possibilidade de regras de gestão mais apertadas poderem resvalar para algumas perversidades Nuno de Jesus/Lusa

"Tem vindo a público que muitos destes gestores não possuem nem currículo, nem perfil adequado para o exercício da função de gestores destes hospitais públicos, agora transformados em sociedades anónimas", lê-se no requerimento. "Informações estas que, a serem confirmadas, terão reflexos negativos no funcionamento destes hospitais", alegam.

No documento ontem enviado ao Ministério da Saúde, os deputados João Rui de Almeida, Luísa Portugal e Afonso Candal exigem também que o Governo esclareça quais os "critérios que fundamentaram todas e cada uma das referidas nomeações".

Debate no parlamento

Ontem, o secretário de Estado adjunto da Saúde, Adão Silva, deslocou-se ao parlamento para debater a empresarialização dos hospitais. A apreciação parlamentar dos 31 diplomas que alteram o estatuto jurídico de 34 unidades - já que algumas são geridas em conjunto - foi requerida pelo PCP, que argumenta que a transformação abre caminho aos privados e não racionalizará a gestão, pondo, além disso, em causa a qualidade dos cuidados prestados aos doentes. Aos receios dos comunistas, os deputados do PSD responderam ontem com acusações de "preconceito ideológico".

O certo é que o próprio ministro da Saúde já admitiu a possibilidade de regras de gestão mais apertadas poderem resvalar para algumas perversidades, tendo o executivo aprovado ontem a criação de uma unidade de missão, denominada Hospitais SA, para fiscalizar o funcionamento das 34 unidades. A nova estrutura irá coordenar o processo global de lançamento e a estratégia de empresarialização dos hospitais com a natureza jurídica de sociedades anónimas de capitais exclusivamente públicos, assinala o comunicado do Conselho de Ministros.