Primeiras testemunhas do Setúbal Connection 2 ouvidas hoje
No segundo dia do julgamento dos arguidos do processo relacionado com contrabando de tabaco, a decorrer no Tribunal de Monsanto, em Lisboa, foram ouvidas cinco testemunhas de acusação, soldados da Brigada Fiscal da GNR que assinaram o auto de notícia de 16 de Setembro de 1999, relativo à detenção de dois indivíduos e apreensão de uma embarcação com tabaco em Vila Nova de Milfontes, na costa alentejana.
De acordo com os relatos das testemunhas, cerca das 05h00 desse dia, os elementos da patrulha da Brigada Fiscal terão tido conhecimento do desembarque de caixas no rio Mira e de um barulho de motor que terá sido ouvido.
Chegados ao local, afirmam ter visto caixas de tabaco a boiar e, embora a maioria não tenha tido intervenção directa na detenção dos indivíduos, todos afirmam ter colaborado na retirada de caixas da embarcação - uma chata - e da água (as que se encontravam a boiar).
Uma das testemunhas contou ter visto não só as caixas de tabaco e a chata, mas também "um motor de marca Honda".
A defesa questionou as testemunhas sobre a possibilidade de alguém vir a passar de barco, ver as caixas a boiar e, movido eventualmente pela curiosidade, tê-las recolhido para o interior da embarcação.
Apesar de a hipótese ter sido considerada "possível" pela testemunha, a procuradora do Ministério Público recordou que, segundo consta do auto de notícia, o total de volumes apreendidos nessa altura - entre os que se encontravam a boiar e no barco - era de "16 caixas com oito mil maços de tabaco".
No banco dos réus do Tribunal de Monsanto sentam-se alguns dos principais arguidos do Setúbal Connection, um processo de contrabando de tabaco que remonta à década de 1980 e que acabou por prescrever devido aos sucessivos recursos apresentados pelos arguidos para todas as instâncias judiciais, incluindo o Tribunal Constitucional, após terem sido julgados e condenados no Tribunal de Setúbal.
No processo que agora começou a ser julgado e que respeita também ao desmantelamento de uma rede de contrabando de tabaco, serão julgados na 7ª Vara Criminal de Lisboa 69 arguidos acusados de vários crimes, entre os quais se destacam os de associação criminosa e contrabando qualificado.