Lula convoca Brasil para luta contra a fome

Foto
Lula disse ser imprescindível uma reforma agrária pacífica, organizada e programada Victor Caivano/AP

Promovendo a mudança que o conduziu à presidência da República no Brasil, Luis Inácio Lula da Silva colocou no topo das prioridades do novo Executivo a luta contra a fome, convocando uma mobilização nacional para a tarefa. Antes do discurso de tomada de posse, na sede do Congresso Nacional, em Brasília, Lula e José Alenquer, vice-presidente, foram empossados e assumiram o compromisso constitucional.

"A mudança foi a grande mensagem da população brasileira nas eleições de Outubro. Finalmente, a esperança venceu o medo". Com estas palavras, Lula abria um discurso de 40 minutos, onde reafirmou os compromissos feitos durante a campanha, assentes numa mudança feita "com coragem e cuidado, num processo gradativo e continuado", "sem atropelos e precipitações".

À cabeça das prioridades do novo Governo, Lula colocou a luta contra a fome, elevando-a a "causa nacional", e lembrou "os milhões de brasileiros que estão, neste momento, sem ter o que comer". Para tal, o líder do Partido Trabalhista (PT) anunciou a definição de um programa alimentar. "Quando todos os brasileiros tiverem a possibilidade de tomar as três principais refeições diárias, terei cumprido a missão da minha vida", disse Lula.

Para acabar com a fome no país, Lula disse ser "imprescindível" uma "reforma agrária pacífica, organizada e programada", dando "terra a quem quer trabalhar" e assim trazer "mais alimentos para a mesa de todos".

Segundo o novo Presidente, o país tem vários hectares de "terras ociosas, disponíveis para a chegada de famílias e de sementes". Por isso, as terras que já produzem não serão afectadas, acrescentou.

Ainda no sector agrícola, Lula anunciou uma aposta nas linhas de crédito e na assistência técnica e científica.

Além disso, o novo Presidente defendeu "uma política de segurança pública mais rigorosa e eficiente, capaz de prevenir a violência e restabelecer a segurança".

Lula diz querer retoma de crescimento económico do Brasil

Dos esforços a realizar pelo novo Executivo para ajudar o país a sair da "estagnação económica" e enveredar na retoma do crescimento, Lula referiu o apoio ao "projecto do primeiro emprego, para criar oportunidades aos mais jovens", a gestão responsável das finanças públicas, o "combate implacável à inflação", o aumento da poupança interna e da capacidade de investimento e o incentivo ao aumento das exportações.

Merecedor de relevo no discurso foi o Pacto Social, onde se inserem a reforma da Segurança Social, a reforma tributária, a da legislação laboral e a agrária. Estas vão "impulsionar um novo ciclo de desenvolvimento nacional", disse.

Outro aspecto salientado foi o "novo estilo de Governo" a adoptar, baseado na "transparência e estímulo à participação popular", derrotando a "cultura da impunidade", a corrupção e os desperdícios.

A política comercial brasileira passará por um "combate ao proteccionismo" e à "eliminação de barreiras" e "dos subsídios agrícolas a países desenvolvidos".

Parte da política externa fará a "cooperação com todos os países da América Latina", uma "parceria madura com os Estados Unidos", o "fortalecimento da cooperação com a União Europeia" e o aprofundamento das relações com a China, Índia e África do Sul.

Sugerir correcção
Comentar