Durão Barroso inaugura primeira linha do Metro do Porto
Durão Barroso entrou no novíssimo equipamento na estação da Trindade, acompanhado pelo ministro das Obras Públicas, Valente de Oliveira, pelo presidente da câmara do Porto, Rui Rio, e pelo presidente do Conselho de Administração da sociedade do Metro do Porto, Valentim Loureiro. A viagem inicial durou pouco, tendo o primeiro-ministro saído na paragem da Casa da Música para descerrar a placa inaugurativa daquela estação.
Na inauguração da Linha Azul, entre a Trindade e o Senhor de Matosinhos, com doze quilómetros de extensão, estiveram ainda presentes vários responsáveis de Governos anteriores envolvidos no projecto, autarcas da Área Metropolitana do Porto e cerca de 600 convidados.
Às críticas relativas ao preço dos bilhetes, Durão Barroso respondeu que cabe à empresa gestora determinar o tarifário, mas garantiu que o Governo tratará "equitativamente" os metros do Porto e de Lisboa.
O tarifário em vigor prevê um preço de 80 cêntimos para o bilhete simples, válido para duas zonas, e de um euro para um percurso de três zonas, o máximo possível com a presente extensão da rede. A disparidade de preços com o Metro de Lisboa levantou a questão da falta de equilíbrio entre os apoios do Estado aos dois sistemas, que o primeiro-ministro assegurou que não se verificará.
Durão Barroso comprometeu-se pessoalmente com a criação de um país mais equilibrado, o que "só será possível quando deixar de estar excessivamente centrado em Lisboa".
Reconhecendo que o desenvolvimento do Porto tem estado "sufocado" por "insuficiente mobilidade a nível interno e externo", o primeiro-ministro referiu que diversos empreendimentos em curso visam acabar com essa situação, sendo o Metro do Porto um deles.
O chefe do Executivo defendeu também uma política coordenada de ordenamento do território na área dos transportes e comprometeu-se com a criação da Autoridade Metropolitana de Transportes, que deverá entrar em funcionamento no início de 2003.
O dia da cerimónia foi escolhido pelos utentes da antiga linha da Póvoa de Varzim, da CP, para se manifestarem face ao tarifário adoptado para os transportes alternativos, que são obrigados a utilizar quotidianamente desde o encerramento daquela linha.
Também os trabalhadores do Metro do Porto tinham marcado um protesto para hoje, mas negociações de última hora entre o Sindicato dos Ferroviários e a administração do Metro levaram a um acordo provisório que permitiu desmarcar a manifestação.
O metro portuense é uma ideia que remonta a Setembro de 1989, mas não teve uma vida fácil. Foi recebido com desconfiança, até pela população, que sempre ouvira dizer que o Porto não tinha condições para ter um transporte desse tipo por causa do seu subsolo granítico. Afinal, o problema era outro: provinha da natureza de um granito deteriorado e um subsolo muito heterogéneo.
Só em 1992 se chegou a acordo quanto à configuração da rede. A empresa Metro do Porto (MP) surgiu em Janeiro do ano seguinte e o concurso público internacional de pré qualificação para o projecto, construção e equipamento foi lançado em Dezembro de 1994. Três anos depois, foi negociada a adjudicação da empreitada. A obra arrancou, formalmente, em 15 de Março de 1999, com a instalação do primeiro estaleiro, em Campanhã.